Quem hoje em dia não sonha em perder alguns quilinhos? Para alcançar alguns dígitos a menos na balança, são inúmeras as dietas que surgem no mercado. Dentre elas, despontou uma bebida mágica, prometendo o fim do sofrimento nas academias e das greves de fome: o chá verde. Mas atenção, muito longe de possuir efeitos milagrosos, o chá tem suas limitações e contra-indicações como explica a professora Eliane Fialho do departamento de Nutrição Básica Experimental do Instituto de Nutrição da UFRJ.
É a segunda bebida mais consumida no mundo, perde apenas para a água, conforme declara a professora. Ultimamente, vem ganhando ainda mais espaço nas dispensas. Isso se deve aos inúmeros benefícios à saúde que estudos vêm creditando a ele, como a prevenção de doenças cardíacas e circulatórias, a diminuição das taxas do LDL (o mau colesterol), capacidade antioxidante (responsável pela varredura dos radicais livres, indicados como principais elementos de formação de doenças crônicas) e, claro, o emagrecimento, através da aceleração do metabolismo e da facilitação da digestão.
O chá, segundo pesquisa publicada no American Journal of Clinical Nutrition, uma conceituada revista da Sociedade Americana de Nutrição, tem o poder de aumentar em 4% a queima de gordura corporal de quem ingere a quantia estipulada pela American Dietetic Association (ADA): 4 a 7 xícaras diárias. Eliane Fialho alerta que embora a bebida tenha efeito emagrecedor, precisa estar aliada a uma alimentação balanceada e atividades físicas.
– Simplesmente tomar o chá não vai gerar um benefício tão grande assim. Muitos trabalhos comprovam que um plano alimentar adequado em conjunto com a prática regular de exercícios físicos ainda é a principal ferramenta no combate à obesidade – afirma a nutricionista.
A prevenção do câncer também é apresentada como um dos muitos pontos positivos do chá verde. “Já se sabe que a galato de epigalocatequina, a GEGC (principal polifenol encontrado na bebida) diminui a taxa de proliferação celular e induz a morte celular em muitos modelos experimentais de células cancerosas” esclarece a professora.
O líquido é derivado da infusão da planta Camellia Sinenses, assim como o chá branco, o preto e o oolong. O que diferencia um do outro é o momento da colheita e o processo de fermentação. O branco e o verde não são fermentados, o oolong é pouco, tem um gosto suave e, finalmente, o chá preto possui o mais alto nível na escala de fermentação, apresentando coloração avermelhada e sabor intenso.
Todas essas bebidas são ricas em substâncias antioxidantes, os polifenóis, que garantem os benefícios atribuídos aos chás, entretanto quanto maior o processo de fermentação, menor a quantidade dessas substâncias. Dessa maneira, podemos observar o melhor aproveitamento pelo organismo do chá verde que o chá preto.
Uma curiosidade é o poder do chá branco, pois além de possuir a mesma quantidade de polifenóis que o verde, tem sabor adocicado O gosto amargo da segunda bebida mais consumida do mundo é o principal inimigo na ingestão do produto. Para fugir desse problema, já há inovações do mercado que conciliam outros sabores como maracujá e maçã verde em um mesmo sachê, além de cápsulas com o extrato da erva.
Ansioso para incluir o chá na dieta? Não tão rápido, apesar das inúmeras vantagens de consumir a bebida, algumas pessoas podem correr riscos de saúde com o uso. A vilã de quem sofre com insônia e gastrite, a cafeína, é encontrada em altas doses, quando são seguidas as recomendações da American Dietetic Association a respeito da quantidade de chá verde que se deve ingerir por dia.
– A cafeína no chá verde pode variar entre 10 a 80 mg por xícara. Alguns estudos recomendam que a ingestão diária não ultrapasse 300 mg por dia. A recomendação da ADA ultrapassa os 300 mg estipulados. Então, quem sofre de efeitos adversos com a cafeína, é melhor evitar o chá, porque pode ter taquicardia – recomenda Eliane Fialho.
Outro problema que o chá verde pode trazer à saúde deriva da existência de substâncias anti-nutrientes em sua composição, de forma que se a ingestão se dá junto com uma grande refeição, propicia-se uma menor absorção de minerais, como o cálcio, ferro, podendo causar deficiência nutricional, como anemia.
– Não há uma contra-indicação específica, mas qualquer pessoa que já tenha uma propensão a ter maior necessidade nutricional (grávidas, idosos ou crianças) deve evitar, não só o chá verde, mas também qualquer tipo de chá, porque esses de uma maneira geral apresentam substâncias anti-nutrientes. O ideal é não ingeri-los em conjunto com as grandes refeições – alertou a nutricionista.
Muitas pesquisas a respeito da ingestão do chá verde apresentam resultados controversos, como as relacionadas com a hipertensão e a osteoporose. De maneira que o ideal é que quem sofre dessas doenças, evite o chá até um maior conhecimento de seus efeitos.
– Consultar um médico de confiança, ainda é a melhor opção para quem deseja colocar a bebida no cardápio –, aconselha a especialista.