Após discutir as relações de poder que giram em torno das grandes empresas de petróleo, o ciclo de palestras “Petróleo no Cinema” explorou as questões ambientais provenientes do uso da energia. Depois de “Enron: The Smartest Guys in the Room” e “Syriana–A Indústria do Petróleo”, ganhou a tela do Fórum de Ciência e Cultura (FCC/UFRJ) o filme “Uma verdade inconveniente”, de All Gore.
Na obra audiovisual, o antigo candidato à presidência dos Estados Unidos expõe evidências e baseia-se em estudos científicos para alertar o mundo sobre os riscos do aquecimento global e fazer um apelo para que o atual quadro de catástrofes seja revertido.
Após a exibição, Luis Eduardo Dutra, da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), mediou um debate da platéia com o representante da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Elder Vieira, e com o professor da Escola de Química (EQ) da UFRJ, Alfredo Peyneau, o qual caracterizou o filme pela palavra “alerta” e ressaltou sua contradição.
– Eu queria adicionar ao “alerta” o que eu considero um impasse, sobre o modelo de consumo em que saídas individuais são complexas. Como alerta o filme cumpre seu papel. Mas a esse alerta deve ser somado o impasse entre consumo e bem-estar; o direito dos indivíduos de não abrirem mão de seu bem-estar e a posição da natureza em lidar com tantas necessidades.
Hélder Vieira, por sua vez, afirmou que All Gore suprimiu algumas verdades em “Uma verdade inconveniente”. Para ele, não foi dito no filme que as questões referentes ao aquecimento global não são apenas as relacionadas à moral, mas principalmente as relacionadas ao modelo predatório de economia, como a dos EUA: “O filme poderia ser mais radical quanto às razões do desequilíbrio. Faltou ir à fundo na raiz do problema, que é o modelo capitalista de exploração e superação”.
O ciclo de palestras Petróleo no Cinema encerra suas atividades na próxima terça-feira, dia 24 de junho, com a apresentação de “Ouro Negro”. A programação tem início às 18h30, no Salão Moniz de Aragão do FCC – Avenida Pasteur, 250, Praia Vermelha. A entrada é franca.