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Cinema e Cultura popular em discussão na UFRJ

“Um olhar sobre os quilombos do Brasil” foi o filme que abriu o IV Ciclo de Cinema, Cultura e Identidade, programado para todo o mês junho, no Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ.

O evento, organizado pela Companhia Folclórica do Rio-UFRJ, através do Núcleo de Estudos Cultura e Sociedade, da Escola de Educação Física, tem o objetivo de refletir a respeito dos vários aspectos da cultura popular e suas relações com a linguagem cinematográfica, conforme explica Frank Wilson, coordenador do Núcleo:

– A Companhia traz para a universidade um pensamento sobre a cultura popular, através de ações artísticas, de pesquisas de campo e das relações com os cursos de graduação. Mas, para ampliar essas ações, nós, do Núcleo, pensamos neste Ciclo porque queremos perceber de que forma o cinema trata a cultura popular.

Após a exibição do documentário, que retratou os costumes e a vida de comunidades de negros pertencentes a quilombos em algumas partes do Brasil, houve um debate sobre a obra e a questão negra. Os convidados para a conversa foram Heloisa Abrantes, professora de Artes Cênicas, Zeca Ligiério, professor da UniRio, e Carmem Luz, coreógrafa da Companhia Étnica de Dança.

Heloisa, que fez um trabalho de pesquisa em comunidades negras na Bahia em 2005, ressaltou a importância da história oral em “Um olhar sobre os quilombos do Brasil”. De acordo com ela, este tipo de narrativa deixa evidente o processo de construção de identidade dos quilombolas:

– O filme tem sensibilidade para tratar do assunto. É complicado dar voz aos personagens e, nesta obra, as pessoas falam delas mesmas. Percebemos que há diversidades de vozes, embora o cineasta intervenha na realidade de alguma forma, no processo de construção do vídeo.

Além da história contada pelos protagonistas, outra característica do documentário ressaltada durante o debate foi a ausência de elementos de manifestações festivas, conforme colocou Zeca Ligiério: “O que garante a identidade, a irmandade dessas pessoas, são os elementos culturais performáticos, ou seja, a identidade africana é reavivada pela dança, pela música, pelos costumes de festa. Eu não percebi muito isso”.

Encerrando a exposição dos debatedores, a coreógrafa Carmem Luz lembrou os pontos principais da obra e destacou a importância do coletivo, mencionado nas filmagens e praticado diariamente pelos quilombolas. “É necessário que os negros se organizem para conquistar espaço. É por causa desta força do coletivo que a gente permanece, existe até hoje”, declarou.

O IV Ciclo de Cinema, Cultura e Identidade continua com sua atividade nas próximas segundas-feiras de junho. Confira a programação dos vídeos a serem exibidos e debatidos: “Fé” – direção de Ricardo Dias (dia 09); “Jongos, Calangos e Folias” – direção de Hebe Mattos e Martha Abreu (dia 16) e “Macunaíma” – direção de Joaquim Pedro de Andrade (dia 23).