Sapos, rãs, pererecas, salamandras, cobras-cegas. Ao mesmo tempo em que povoam lendas e histórias infantis, os anfíbios são negligenciados e motivo de aversão de muitas pessoas, em geral devido à falta de conhecimento sobre eles.
Pensando nisso, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), realizam o 3º Simpósio de Anfíbios, entre os dias 2 e 6 de junho, no Auditório Vera Janacopulus, no Centro de Ciências Humanas (CCH) da UniRio (Rua Doutor Xavier Sigaud, nº290 – Urca). O objetivo do Simpósio é promover o encontro entre as diversas áreas de conhecimento sobre anfíbios, desde sua aplicação em pesquisas médicas, alimentação até a orientação educacional de crianças sobre a importância dessas espécies para a manutenção do equilíbrio ecológico.
Segundo os coordenadores do evento, Lycia de Brito Gitirana, do departamento de Histologia e Embriologia do Instituto de Ciências Biomédicas, e Sérgio Potsch de Carvalho e Silva, do Laboratório de Anfíbio e Répteis do departamento de Zoologia, ambos da UFRJ, a idéia do Simpósio de Anfíbios surgiu pela constatação de que na universidade existem diversos grupos de estudo trabalhando com diferentes aspectos dos anfíbios. “Fui procurado pela professora Lycia Gitirana, que propôs esse trabalho em conjunto, que tem tido bons resultados: a zoologia com a taxonomia, comportamento e habitat, e as ciências biomédicas com a fisiologia. Depois de algum tempo dessa parceria, procuramos outros grupos que trabalham também com anfíbios, como na alimentação, na medicina. A professora teve então a idéia de realizar um Simpósio, reunindo esses tipos diferentes de informações”, conta o coordenador.
– Além de professores e pesquisadores, nós temos uma responsabilidade muito grande como formadores de opinião dos futuros educadores. Congregar pessoas para esclarecer um assunto, divulgar, romper a porta da Universidade é, portanto, muito importante -, afirma Lycia, contando que o foco desta terceira edição do Simpósio será a educação. “No primeiro abordamos assuntos variados, sem um tema definido. No segundo Simpósio, realizado em Macaé, direcionamos para a ranicultura. Nesta edição, resgatamos esse conceito de educadores, voltando o foco para o ensino e conscientização da importância dos anfíbios para o equilíbrio ambiental, a partir da educação de crianças, por exemplo”, explica a professora.
A mesa de abertura do 3º Simpósio de Anfíbios, composta pelos coordenadores e pelos convidados Luiz Pedro Jutuca, vice-reitor em exercício, Maria Tereza Serrano, pró-reitora de pós-graduação e pesquisa, Ana Maria Telles, chefe do departamento de Zoologia, Alcides Guarino, diretor em exercício da Escola de Ciências Biológicas, sendo os quatro representantes da UniRio, e Irene Garay, vice-diretora do Instituto de Biologia da UFRJ, congratularam a iniciativa, não apenas pelo cunho educacional e de preservação das espécies, mas também pelo estabelecimento de uma mútua colaboração entre a UniRio e a UFRJ. “Vejo como um grande passo este Simpósio, que consolida ações efetivas entre duas instituições de reconhecida importância em educação e pesquisa”, elogia o vice-reitor da Unirio, em coro com os componentes da mesa. “Nada seria possível sem o auxílio de outras pessoas”, completa Lycia Gitirana.
A Anfifada e o Amuleto Encantado
Após a mesa de abertura, os estudantes do 2º período de Ciências Biológicas da UFRJ encenaram a história “A Anfifada e o Amuleto encantado”, de autoria de Lycia Gitirana, para as crianças da Escola Municipal Minas Gerais, que foram prestigiar o evento. A peça enfatiza a ordem de anfíbios chamada Anura, que significa sem cauda, e refere-se a sapos rãs e pererecas. Salamandras e cobras-cegas, citadas no inicio da matéria, pertencem respectivamente às ordens Urodela ou Caudata, que são tetrápodos com caudas, e Gymnophiona ou Apoda, isto é, sem patas.
O conto infantil é sobre um casal de agricultores que não conseguia prosperar, nem ter um filho. Certo dia, a esposa encontra na floresta uma mulher misteriosa, que a vê chorando e lhe dá um objeto em forma de sapo: é o muriaquitã, um talismã que representa fertilidade e prosperidade, relacionado à cultura das Amazonas. Em troca, a família de agricultores deveria proteger a natureza e os anfíbios. Com a gravidez da mulher e a prosperidade de suas terras, o marido então destrói parte da floresta e do lago, desobedecendo a condição imposta pela mulher misteriosa. Quando chega o momento do parto, o menino nasce com cara de sapo. A mulher então revela-se como a Anfifada, a fada dos anfíbios. Ela explica que o acontecido deve-se à destruição do meio ambiente, e do habitat dos anfíbios, sendo a única forma de reverter o problema da criança, restaurar o que foi destruído.
Paralelo à história, duas estudantes fazem as vezes de pesquisadoras, interrompendo a encenação para esclarecer, de forma divertida, a diferença entre anuros. “O sapo não é o marido da perereca e a rã o filhotinho?”, pergunta uma das atrizes, ao que a outra ‘pesquisadora’ responde, explicando que sapos são os mais independentes da água, possuindo a pele rugosa e pernas curtas; as pererecas possuem a pele lisa e com grande absorção de água, geralmente pequenas e com pernas compridas e finas; já as rãs, como as pererecas, possuem grande dependência da água, o que se percebe pela pele lisa e por suas patas longas, com membranas entre os dedos. A história da "Anfifada e o Amuleto Encantado" foi transformada pela organização do evento em um livro, que será distribuído nas escolas, com o intuito de auxiliar na conscientização das crianças sobre o papel dos anfíbios no equilíbrio ambiental.
O 3º Simpósio de Anfíbios prossegue até o dia 6 de junho, a partir das 9h, no Auditório Vera Janacopulus, no Centro de Ciências Humanas (CCH) da Unirio, que fica à rua Doutor Xavier Sigaud, nº290 – Urca. Para mais informações, acesse http://acd.ufrj.br/labhac/simanf2008.htm.