O poeta, escritor, artista plástico e crítico de arte Ferreira Gullar proferiu palestra sobre arte contemporânea, evento que integrou a Quinzena de Gravura da Escola de Belas Artes.">O poeta, escritor, artista plástico e crítico de arte Ferreira Gullar proferiu palestra sobre arte contemporânea, evento que integrou a Quinzena de Gravura da Escola de Belas Artes.">
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Memória

A arte de Ferreira Gullar

O poeta, escritor, artista plástico e crítico de arte Ferreira Gullar proferiu palestra sobre arte contemporânea, evento que integrou a Quinzena de Gravura da Escola de Belas Artes.

 Em uma conversa descontraída com o público da Quinzena de Gravura da Escola de Belas Artes (EBA), Ferreira Gullar disse que a arte tem sido para ele um tema de reflexão há muitas décadas.

No bate-papo, que durou cerca de duas horas, o poeta, escritor, artista plástico e crítico de arte afirmou que a problemática da arte contemporânea está no conflito que se estabeleceu, no final do século XIX e início do século XX, entre a civilização industrial nascente e as expressões artesanais como a gravura. “Na arte contemporânea há um conflito entre as técnicas artesanais e o que é industrial”, ressalta Gullar. Ele afirma ainda: “uma arte que copia a realidade não tem transcendência. Ou ela vira um capricho artesanal ou é simplesmente algo que imita o banal da vida”, reflete.  O artista, nas palavras de Gullar, precisa de transcendência porque “a vida é inventada e o artista é inventor da vida”. Para ele, a transcendência está em criar algo novo.

Para ajudar a entender os rumos que a arte tomou, Gullar lembrou que a era moderna se caracterizou pela presença do pensamento científico e da tecnologia, criando uma certa redução da influência da religião na sociedade. “A subjetividade humana será colocada de forma secundária e a arte será influenciada por esta questão”, afirma o poeta.

A leitura que Gullar faz de Cézanne é que este fez uma arte sem transcendência porque não saia da realidade e de suas representações da natureza, conseguindo tal feito, apenas, com a desestruturação da linguagem.

A diretora da EBA, professora Ângela Ancora da Luz, em seu discurso aproveitou para ressaltar a importante trajetória que a gravura teve e tem na Escola. “A Quinzena de Gravura é um importante evento. Os alunos deste curso demonstram uma maturidade incomum. Eles entendem a necessidade de produzir e com o evento eles revertem parte da renda para o ateliê”, destaca.

Gullar disse que o artista não precisa de milhares de espectadores, mas precisa ser, sim, o primeiro espectador.O crítico de arte concluiu afirmando que a arte é uma expressão do ser humano e que o artista não pode ser um mero produtor de coisas. Para Gullar, nem todas as formas de expressão são arte.

Quinzena

 A Quinzena de Gravura é um evento organizado pelos alunos do curso de graduação de gravura da EBA e vem de uma trajetória com mais de duas décadas.

O evento tem o objetivo de ajudar na manutenção do ateliê de gravura a fim de que os mais de 60 alunos possam produzir e também difundir a arte de gravar. Como parte do evento, há uma exposição dos trabalhos discentes no hall de entrada do prédio da Reitoria, que abriga a EBA.

Há também os workshops de xilogravura e monotipia, às terças e quintas-feiras, das 9 às 17 horas. Na próxima quarta-feira, haverá a palestra com Adir Botelho, Vilar Domingo e Antônio Grosso, que abordarão as técnicas de gravura.