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Através do Cinema, UFRJ discute transações do Petróleo

 A UFRJ recebeu, nesta terça-feira (3), representantes da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e da Agência Nacional do Cinema (Ancine) para participar do Ciclo de Palestra “Petróleo no Cinema”, organizado pelo Instituto de Economia (IE) da UFRJ.

O evento – que consiste na exibição de filmes e debates sobre a atuação da indústria de óleo e gás e sobre a percepção da sociedade a este respeito – “nasceu da idéia básica de que, tanto o cinema quanto o petróleo são fontes de energia que movem a humanidade”, conforme afirmou o diretor-presidente da Ancine, Manuel Rangel.

Na estréia, Enron: The Smartest Guys in the Room foi a obra escolhida. O documentário mostra a trajetória de uma companhia do ramo de petróleo e gás, que vai do sucesso à crise devido ao desrespeito às leis regulamentadoras do setor e à população consumidora de energia nos Estados Unidos da América.

Durante o debate sobre o filme, Ary Vieira Barrada, diretor Adjunto de administração do IE, concentrou-se nos personagens “fascinantes” da história real contada nas telas. De acordo com ele, no caso da Enron, a cumplicidade entre patrões, especialistas e especuladores permitiu construir um consenso a respeito da desregulamentação do setor, que desembocou em crise:

– A grande mensagem do filme é mostrar que nós lidamos com pessoas que são capazes de passar por cima de qualquer um em nome do dinheiro. A construção desse pensamento único, ou seja, do consenso, é feita em paralelo à construção da ética de quem ganha.

Abordando outra perspectiva da obra, após ressaltar a atitude não aprovada dos órgãos de regulamentação do setor, o chefe de Gabinete da presidência da ANP, Luis Eduardo Dutra, frisou que as pessoas que trabalham como reguladoras da atividade devem conhecer a diferença entre poder de mercado e poder econômico:

– Poder de mercado, uma definição que vem da década de 50, é a capacidade de uma empresa aferir lucros extraordinários em longo prazo. Poder econômico é a capacidade de uma empresa transformar o ambiente a seu favor, corrompendo, matando ou roubando. Empresas de petróleo são empresas que têm poder econômico, quaisquer que sejam.

Finalizando a exposição dos convidados, o representante da Ancine levou para a mesa a discussão sob um ponto de vista cinematográfico. Para explicar a posição confortável do gênero documentário quanto aos temas a serem abordados, ele estabeleceu a seguinte comparação:

– No Brasil o cinema documentário tem uma característica muito própria e rica. Embora se assemelhe ao jornalismo em seus formatos e formulação midiática, a diferença fundamental é a possibilidade de analisar a notícia fora da pauta quente, como foi o caso de “Enron: The Smartest Guys in the Room”.

O Ciclo de Palestra “Petróleo no Cinema” prossegue durante todo o mês de junho, nas terças-feiras, às 18 horas. O local de exibição e de discussão é o Salão Muniz de Aragão, do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ – Avenida Pasteur, 250, Praia Vermelha. O evento é aberto ao público e a entrada é franca.

Confira a programação
10/06: Syriana – A Indústria do Petróleo
17/06: Uma Verdade Inconveniente
24/06: Ouro Negro