“Não é uma aspiração nova, mas agora indispensável para o continente”, pontua o embaixador cubano no Brasil, Pedro Nuñez Mosquera, recordando o recrudescimento das políticas neoliberais, principalmente, a partir da década de 1970. “Os beligerantes conservadores privatizaram mais de quatro mil propriedades públicas na América Latina. O saldo disto é o desmantelamento do governo de bem-estar social, só que o mercado não quer resolver esses problemas e o Estado não pode virar as costas para seu povo”.
Hoje, na América Latina, há aproximadamente 50 milhões de analfabetos. O número é um dos muitos apresentados por Nuñez, durante sua exposição. De acordo com as estatísticas, 80 milhões vivem sem água potável e de cada dez empregos gerados sete são informais. “É enorme o grau de dependência econômica, pois 55% das exportações seguem para os Estados Unidos. Do ponto de vista comercial, se não nos unirmos seremos desintegrados”, avalia o embaixador de Cuba, que recebeu a solidariedade do público presente contra o embargo estadunidense, de mais de quatro décadas, à Havana. “Para Fidel Castro, a revolução precisa ter um sentido histórico e mudar o que precisa ser mudado, sem abrir mão de seus valores éticos e dos sonhos do patriotismo, socialismo e internacionalismo”.
O cônsul-geral da República Bolivariana da Venezuela no Brasil, Edgard González, acredita que a união deve abarcar ainda as nações do Caribe e da América Central e, além dos aspectos econômicos e políticos, contemplar os aspectos culturais. “A criação da Telesur é essencial nesta tarefa. Hoje, em grande parte do continente, os meios de comunicação estão nas mãos das oligarquias”, critica González que discorreu ainda sobre o socialismo do século XXI. “É uma corrente filosófica que mais se aproxima da reivindicação humana de dignidade e felicidade, possibilitando as pessoas a decidirem seus destinos”.
Gonzáles percorreu a recente história da Venezuela, quinto maior produtor de petróleo do mundo. Em sua análise, o cônsul defende que, antes o governo Chávez, a riqueza seguia concentrada, excluindo a maioria dos 26 milhões de venezuelanos: “Sofremos a reação daqueles que se opunham às novas leis populares de pesca e terra”.