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Mídia contra-hegemônica: novos olhares sobre conteúdo e formato

O curso de Jornalismo de Políticas Publicas Sociais realizou nesta segunda feira, dia 27 de maio, no Auditório do Centro de Produção Multimídia da Escola de Comunicação da UFRJ (CPM/ECO), a palestra “A questão das políticas públicas sociais e a mídia contra-hegemônica”, ministrada pelo convidado Paulo Lima, responsável pela revista de publicação nacional Viração.

Paulo inicia sua fala fazendo referência à publicação que coordena definida como comprometida em dar a voz às minorias sociais. “Procuramos possibilidades de se construir uma voz diferente, que incentive esses grupos a ‘virar-ação’, a quebrar paradigmas não apenas no conteúdo, mas também na forma”, afirma o palestrante, que se refere ao momento de nossa sociedade como a “Era das caixas”: “desde que nascemos somos encaixotados. Berço, quarto, casa, escola, escritório. Vamos sendo encaixados também a vida inteira em padrões de beleza, consumo, sociedade. Em situações em que ocorre alguma ruptura, muitas vezes muda o conteúdo, mas não a forma, o modelo”, relata Paulo Lima.

– Por isso não se pode dizer com toda certeza em mídia contra-hegemônica, pois é necessário um deslocamento real, em todos os sentidos. Essa forma ocidental, tradicional de ver e sentir as coisas é muito mecanicista e regulatória, o que leva a nós mesmos a nos comportar como máquinas, como numa fábrica de produção em série – compara o jornalista, fazendo referência à atual utilização do tempo e do espaço pela sociedade. “Não há a possibilidade de parar, tem hora para tudo. A maioria dos espaços é propriedade privada, possui copyright. Que tipo de comunicação essa visão de mundo gerou? Querem medir em números os resultados de toda e qualquer ação”, lista o palestrante, destacando a necessidade de se estabelecer uma nova abordagem de mundo.

Para o jornalista, é necessário, portanto, romper com o paradigma de olhar o mundo de forma mecanicista, voltado para o capitalismo, do mesmo modo que a informação, a notícia, não deve ser encarada como mercadoria. “A importância deve estar nas relações e não nas partes e resultados. Para isso, é necessária uma nova consciência, rompendo o sistema emissor-receptor para que ocorra um deslocamento do sujeito, dando o direito à voz a jovens, crianças, deficientes, negros, indígenas, e outras minorias”, sugere, afirmando que essa é a proposta da Viração: fazer uma revista para, com e a partir do jovem, o que modifica não apenas o seu conteúdo, como também sua forma de produção. “O trocadilho com o nome da revista, ‘vira ação’ remete a essa virada, a essa mudança de postura e olhares sobre a sociedade. Não adianta mudar o Brasil, o mundo, se a transformação não começar em nós mesmos”, finaliza Paulo Lima.