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Contrastes sonoros na UFRJ

 O Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ realizou mais um encontro do projeto Contrastes Sonoros nesta quarta-feira (14/05). O objetivo de estimular o público a questionar as tradicionais formas de se fazer música e influenciar a mistura de sons e instrumentos na experimentação foi cumprido pelo professor Leonardo Fuks, da Escola de Música.

Com mangueiras acopladas ao corpo de flautas, canudos de plástico e conchas do mar, ele mostrou que é possível transformar objetos aparentemente inutilizáveis em instrumentos musicais: “Eu comecei a ver que as experiências que fazia, embora tivessem ruídos, podiam servir para a prática artística. A questão é inventar: desmontar instrumentos e criar mecanismos para se obter novos sons”.

Formado também em Engenharia Mecânica, Leonardo confecciona os objetos que utiliza e incentiva a diversificação de novos meios dos quais extrair musicalidade. “Tudo pode ser uma ferramenta musical desde que seja controlável. Se conseguirmos sincronizar os tiros de um canhão ou o barulho da chuva, ambos podem ser um instrumento”.

Ao final de sua palestra e das demonstrações – que variaram de sons imitando os cantos dos pássaros até a musicalidade de um berrante –, o professor ressaltou o princípio de imortalidade dos instrumentos musicais, lembrando que eles nunca ficam obsoletos, e colocou a importância de sua utilização, afirmando que eles não podem ser apenas um fetiche.

Contrastes

Após a palestra, foi a vez do grupo Revista do Ouvidor – formado por alunos da Escola de Música da UFRJ, que pesquisam o tema Fisiologia da Voz, com orientação de Leonardo Fuks – entrar em cena executando os contrastes sonoros do projeto.

Os estudantes, que reinterpretam as músicas do início do século XX, apresentaram seu trabalho, explicando à platéia questões de técnica vocal, acústica e aspectos etnomusiológicos empregados na retomada das músicas gravadas no período em análise.

– Nós não imitamos as músicas da época, mas fazemos uma reinterpretação delas, a partir da avaliação das distorções geradas pelo processo de gravação – elucidou o músico Otávio, que toca cavaquinho no grupo Revista do Ouvidor.

A releitura das canções analisadas não ficou apenas na teoria. Durante o encontro, os estudantes deram um show com violão, cavaquinho, baixo, pandeiro e vozes, e convidaram o público para participar das experimentações.

No ambiente de descontração e descobertas, os pandeiros viraram raquetes que jogavam a laranja como bola e produziam uma musicalidade, e os estranhos objetos criados pelo professor Leonardo compuseram uma sinfonia nas mãos e bocas dos curiosos.

O projeto Contrastes Sonoros, que acontece uma vez por mês, às quartas-feiras, das 16h30 às 21 horas, no Salão Dourado do FCC da UFRJ, segue sua programação com o pianista Antônio Adolfo e o DJ Rudi, em junho. Os encontros são na Avenida Pasteur, 250, Praia Vermelha. A entrada é franca e a diversão é garantida.