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Violência e mídia em debate

 A UFRJ recebeu, nesta quinta-feira, dia 8 de maio, o ex-integrante do Rappa e participante do grupo Brigada Organizada de Cultura Ativista (B.O.C.A.), Marcelo Yuka, e o vereador de Niterói pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), Paulo Eduardo Gomes, para discutir o tema "Violência e Mídia em debate".

Organizada pelo Diretório Central dos Estudantes Mário Prata (DCE), a palestra questionou a cobertura de eventos de violência pela mídia. A coordenadora de Comunicação do DCE e estudante da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, Carolina Gaspar, explicou a lógica de criminalização da pobreza imposta pela imprensa aos brasileiros:

– O debate cumpre um papel importante, especialmente neste momento, quando vemos, por exemplo, o retrato que a mídia passa das comunidades periféricas, como espaços de guerra civil. É importante a gente pensar como a mídia cumpre um papel de representação estigmatizante da pobreza.

Em concordância com Carolina, Marcelo Yuka ainda lembrou a postura da imprensa em relação às práticas capitalistas. De acordo com ele, ao estereotipar as comunidades pela violência, a mídia contribui para baratear a mão-de-obra das pessoas que vivem nas favelas: “Ela cumpre o papel econômico de manter a relação desigual do capitalismo”, denunciou o músico, ressaltando a discrepância estabelecida entre “pessoas de bem” e “pessoas de bens”:

– O Rio de Janeiro é a capital do país em que a pobreza e a riqueza convivem geograficamente. Porém, não há proximidade entre estes dois mundos, porque existe uma barreira moral. Os ricos vestem uma capa que não os deixa enxergar; a favela está do outro lado, mas ele só conhece o mundo, a vizinhança, se liga a TV -, disse Yuka.

Fazendo um paralelo com a história antiga, o vereador Paulo Eduardo Gomes brincou: “se o czar da Rússia tivesse a Rede Globo, não teria acontecido a Revolução de 1917 naquele país”. Paulo justificou a sua fala explicando que, enquanto o soberano possuía riqueza e poder para submeter as pessoas ao seu domínio, a sociedade tinha uma forte arma nas mãos: a comunicação. “Elas conversavam e promoviam processos revolucionários. Esta não é a sociedade que temos hoje em dia”, completou Marcelo.