Há 36 anos, a UFRJ vem utilizando um Plano Diretor concebido e elaborado para sedimentar as bases da reforma universitária promovida pelos militares na década de 1960. Com o passar dos anos, a universidade cresceu e suas demandas também. Porém, por diferentes razões, entre elas a falta de investimento durante anos por parte dos governos, nenhum projeto foi elaborado para organizar a forma de crescimento dos campi da universidade, que acabaram se desenvolvendo de maneira desordenada."> Há 36 anos, a UFRJ vem utilizando um Plano Diretor concebido e elaborado para sedimentar as bases da reforma universitária promovida pelos militares na década de 1960. Com o passar dos anos, a universidade cresceu e suas demandas também. Porém, por diferentes razões, entre elas a falta de investimento durante anos por parte dos governos, nenhum projeto foi elaborado para organizar a forma de crescimento dos campi da universidade, que acabaram se desenvolvendo de maneira desordenada.">
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Universidade discute Plano Diretor

Há 36 anos, a UFRJ vem utilizando um Plano Diretor concebido e elaborado para sedimentar as bases da reforma universitária promovida pelos militares na década de 1960. Com o passar dos anos, a universidade cresceu e suas demandas também. Porém, por diferentes razões, entre elas a falta de investimento durante anos por parte dos governos, nenhum projeto foi elaborado para organizar a forma de crescimento dos campi da universidade, que acabaram se desenvolvendo de maneira desordenada.

 Há 36 anos, a UFRJ vem utilizando um Plano Diretor concebido e elaborado para sedimentar as bases da reforma universitária promovida pelos militares na década de 1960. Com o passar dos anos, a universidade cresceu e suas demandas também. Porém, por diferentes razões, entre elas a falta de investimento durante anos por parte dos governos, nenhum projeto foi elaborado para organizar a forma de crescimento dos campi da universidade, que acabaram se desenvolvendo de maneira desordenada.

Neste ano, por conta dos investimentos cedidos pelo governo federal ao Plano de Reestruturação e Extensão da UFRJ (PRE/UFRJ), aprovado em 18 de outubro do ano passado, a universidade elaborou o anteprojeto de um novo Plano Diretor, a ser discutido em toda comunidade universitária. No anteprojeto, estão contidas as diretrizes gerais de organização e expansão das unidades da UFRJ.

O documento, apresentado ao Conselho Universitário em 27 de março, foi elaborado com base em relatório produzido pelo grupo de trabalho constituído pelos professores Carlos Bernardo Vainer, Ivana Bentes, João Ferreira, Luiz Pinguelli Rosa, Pablo Benetti e Roberto Lent.

Nas diretrizes gerais do anteprojeto do Plano Diretor 2020, destacam-se três idéias principais: a integração interna da universidade, assim como sua integração externa com a cidade do Rio de Janeiro; a integração do patrimônio fundiário e edificado (incorporação ao patrimônio da UFRJ de todas edificações e benfeitorias, ao final do prazo de concessão ou permissões); e o horizonte de 2020 como limite às transformações a serem implementadas e a possibilidade de um planejamento em longo prazo, tendo em vista o desenvolvimento urbano da cidade do Rio de Janeiro, tais como a Copa Mundial de futebol em 2014 e a candidatura à sede dos Jogos Olímpicos em 2016. Entretanto, o anteprojeto precisa passar pela aprovação do Conselho Universitário.

De acordo com o prefeito da Cidade Universitária, Hélio de Mattos Alves, é necessário um novo instrumento que regule as intervenções espaciais na UFRJ, em conjunto com transformações acadêmicas que ocorreram nos últimos anos, em consonância com o grande projeto institucional em curso. “O Plano Diretor será fundamental para orientar o crescimento e o desenvolvimento da UFRJ nos próximos anos, orientando principalmente os destinos e o uso de nossos recursos em futuros espaços e instalações”, explica.

Segundo Pablo Benetti, a elaboração do Plano Diretor não pode ficar restrita à UFRJ, tendo em vista que a Ilha da Cidade Universitária é uma das últimas reservas urbanas da área da Leopoldina. “Não podemos trabalhar de maneira irresponsável, aprovando uma série de coisas. É preciso ter uma visão de conjunto, pois a ilha de Cidade Universitária é uma reserva urbana de extrema importância para a cidade”, enfatiza.

Mudanças

Nas diretrizes do anteprojeto estão previstas ações prioritárias para investimentos com recursos do orçamento 2007/2008. Entre elas, estão as obras e as reformas de espaços de sala de aula para os novos alunos do Centro de Tecnologia, do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, do Centro de Ciências da Saúde.

Segundo Benetti, a idéia é criar um centro de convergências para diminuir, inicialmente no plano físico, a fragmentação. “A universidade da maneira como foi construída dificulta o contato inter-unidades. Precisamos estimular e facilitar mais este contato. Hoje, na universidade, o deslocamento só é possível de carro ou precariamente de ônibus. Temos que ter centros com mais densidade demográfica, além de misturar os diferentes cursos”, esclarece.

Ele afirma ainda que existem, hoje, no campus grandes espaços entre um prédio e outro com grandes áreas verdes que poderiam ser ocupadas por edificações, o que tornariam as áreas mais urbanas. “Conceitualmente, o correto é concentrar as edificações a fim de uma vida mais urbana, ou seja, sem ter que percorrer grandes distâncias”, destaca.

Obras que também fazem parte do planejamento de curto prazo são a definição do espaço para construção, melhoria e ampliação de unidades acadêmicas, órgãos suplementares e centros universitários, já localizados na Cidade Universitária, cujas instalações atuais se encontram incompletas, insuficientes ou em estado precário; definição das obras para construção de um prédio, em módulos, para abrigar inicialmente salas de aula para novos alunos do CCJE, do CFCH e do CLA, definir igualmente área e localização para instalar a biblioteca unificada de Ciências Humanas e Sociais Aplicadas, contígua ao prédio objeto dessa ação.

Outra proposta é a construção de novo alojamento estudantil, com capacidade para receber pelo menos 500 moradores, e de mais dois restaurantes universitários complementares ao principal.

A UFRJ planeja ainda definir os itens de investimento e contrapartida, a partir de 2008, para o campus de Macaé e na área de implantação da UFRJ em Xerém para complementar aos investimentos das Prefeituras de Macaé, de Duque de Caxias e do Inmetro.

O prefeito universitário afirma que a universidade vive um momento de intensa discussão sobre a missão e o destino de todo o sistema de ensino superior brasileiro. E o primeiro grande desafio a ser enfrentado, na opinião dele, é a aceleração do desenvolvimento científico e tecnológico e a maneira que a UFRJ deve se estruturar para responder a essa etapa do conhecimento no início do século XXI.

Já o segundo tem a ver com a expansão sem precedentes que a educação superior alcança em todo o mundo e, não somente, nos países do centro capitalista. “Espera-se que a UFRJ chegue ao seu centenário se reestruturando para os desafios do conhecimento, combatendo as vagas ociosas e a evasão com políticas de assistência estudantil e implementando o aumento de vagas para que mais camadas da população tenham acesso à excelência de seus cursos”, ressalta.

Benefícios

De acordo com o prefeito, as mudanças previstas nas diretrizes do Plano Diretor e no Plano de Reestruturação e Expansão (PRE/UFRJ) terão grande impacto na dinâmica do campus, em função do aumento de número de vagas através da criação de novos cursos e ampliação de vagas dos já existentes.

Na opinião dele, a ilha da Cidade Universitária (antiga Ilha do Fundão) terá, com o Plano Diretor, um instrumento político fundamental para a retomada do projeto original da implantação da UFRJ na ilha, que consiste não só na valorização do seu patrimônio, mas na aproximação das pessoas, eliminando as barreiras que caracterizam a atual estrutura fragmentada da UFRJ. “Essa aproximação de pessoas no campus e a eliminação de barreiras são fundamentais para o surgimento de uma verdadeira cultura universitária”, enfatiza.

Para Benetti, o principal benefício do Plano é o ambiente de debate. “Planos são feitos por pessoas e a cabeça delas muda, mas o fundamental nesta questão é a cultura do debate”, esclarece. Ele afirma ainda que um Plano Diretor de qualidade para a UFRJ deve contemplar não só a comunidade acadêmica, mas também a comunidade do entorno a universidade, numerosa e carente.