A partir de maio, as 395 bolsas de extensão oferecidas no edital 2008 da UFRJ serão implantadas nos diversos centros da Universidade, dinamizando a rotina acadêmica dos novos estudantes-bolsistas. Deve-se, no entanto, chamar atenção para o número de projetos aprovados no Centro de Ciências da Saúde (CCS). Do total, 199 bolsas – quase o dobro que todos os outros obtiveram, exceto o Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), que recebeu 65 – foram concedidas ao CCS.
– O quantitativo foi uma surpresa, porque nesses casos, se compete em uma seleção com outros grandes centros da Universidade, como o Centro de Tecnologia (CT) e o Centro de Letras e Artes (CLA) que apresentam uma atividade de extensão significativa. Porém, houve um esforço em estimular os programas surgidos entre alunos e professores do CCS a pleitear bolsas de extensão, a partir da divulgação dos editais, do apoio dado às diversas unidades na organização burocrática dos projetos e da intermediação entre os departamentos e a pró-reitoria. Nós veiculamos todas as informações possíveis para que as pessoas pensem e apresentem os trabalhos –, aponta Diana Maul, coordenadora de extensão do CCS e professora da Faculdade de Medicina.
O Programa Institucional de Bolsas de Extensão (PIBEX), financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Instituição e promovido pela Pró-reitoria de Extensão (Pr-5) objetiva contribuir para a formação profissional dos estudantes ao permitir a sua participação em uma das três áreas – pesquisa, ensino e extensão – de atuação prioritária da Universidade. Nesta atividade acadêmica há a possibilidade de advir idéias originais para novas pesquisas e para o ensino de graduação e de pós-graduação.
De acordo com Diana, a extensão é fundamental para a existência da própria academia por trabalhar com inserção social. “Ao construir uma ponte entre a comunidade e a Universidade, os projetos articulam esses dois pólos – que, por vezes, não se encontram, mantendo caminhos paralelos – e possibilitam intercâmbio de produção. Enquanto os estudos divulgam e explicam para a sociedade o que se produz academicamente, as formas mais diversas de organização social correspondem com sua demanda e conhecimento”, ressalta.
De fato, é plausível a preocupação em manter a instituição acadêmica aliada aos adjacentes sociais que a cercam. As pesquisas precisam ser veiculadas e debatidas, uma vez que tudo que é pensado e realizado visa o ambiente no qual se vive e deve estar inserido nele. “A sociedade tem de conhecer os possíveis benefícios que a produção científica pode gerar e é a atuação da extensão que permite essa relação de mútua vantagem”, alerta a coordenadora de extensão.
– De certa forma, as perspectivas relacionadas à extensão são otimistas. Esse contingente significativo de bolsas no CCS evidencia um engajamento de unidades e pessoas no processo, produzindo propostas inteligentes para fins relacionais universidade-sociedade e contrapõe a uma visão depreciativa e deturpada que alguns profissionais e estudantes possuem – ou possuíam – sobre esse tipo de trabalho. Para tal evolução, há um árduo esforço da Câmara de Extensão, com a criação de fóruns de discussão sobre a extensão, elucidando questões e dúvidas sobre essa ação – aponta.
Corroborando o sucesso da atividade no CCS, há ainda os múltiplos interesses dos estudantes. “Nós pudemos verificar que alguns de nossos alunos ganharam bolsas em relevantes programas em outros centros”, revela a professora. Com isso, a integração permitida pela extensão dentro da Universidade, na qual um graduando pode viabilizar em melhor aproveitamento da sua formação, com a variedade de cursos e projetos que lhe é permitido inclusão.
– Então, é impossível não citar esse discurso da fragmentação; é uma tolice sublinhar uma pseudo-fragmentação da Universidade, já que a instituição só se encontra repartida em questões burocráticas, por esta ser antiquada. Prova de que este sermão é falso está nessa interdisciplinaridade dentro da extensão e na interação que ela permite – , condena Diana Maul.
Para um futuro próximo, a coordenação de extensão almeja aumentar a quantidade de bolsas, aumentar a integração de projetos que tenham afinidade, constituindo uma idéia de criação de um programa de projetos de extensão. Para tanto, já vigente dois programas: o “Saúde e Educação para a Cidadania”, cujo objetivo é organizar permuta entre as unidades da UFRJ e as secretarias de saúde, educação e ambiente do município e do estado; enquanto o “Memória do CCS”, que viabilizaria a legitimação da história do centro para os estudantes e funcionários e a construção de uma relação emocional entre os agentes desta organização. Sempre focando na realidade que a extensão é uma via de mão dupla entre a instituição e a sociedade.