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Programa de saúde da população negra visa conscientização

 O Programa de Saúde da População Negra vem se afirmando enquanto projeto dentro do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF). Na última segunda-feira, dia 28, em uma reunião com os coordenadores, idéias, objetivos e perspectivas foram explicados, traçando o perfil do grupo responsável pela proposição.

– É um trabalho como o da cartilha de direitos do paciente. A gente está começando a desbravar essa discussão sobre a saúde da população negra e, embora seja um projeto novo, o assunto já circula pelos ambientes de saúde há um tempo -, afirma Maria da Conceição Buarque, coordenadora da Coordenação de Políticas Institucionais de Humanização do HUCFF.

Segundo o grupo, há algumas patologias, cuja incidência é maior na população negra e é necessário alerta e transmissão de informação a respeito dessas doenças para que o médico siga um tratamento adequado e o paciente saiba da sua própria estrutura fisiológica. “Nos EUA, por exemplo, há uma relevante ação educativa voltada para a mulher negra, através de campanhas publicitárias e educativas”, informa a coordenadora.

Uma dessas enfermidades é a anemia falciforme, que se caracteriza por ser hereditária e causar a má formação das hemácias, que assumem a forma de foice. Então, por apresentar esse formato, nos pequenos vasos ou nas dobras, as hemácias se aglutinam, podendo gerar inchaço e problemas no baço ou nos rins. O paciente, assim, precisa tomar muito liquido sempre e, logicamente, nascendo com a doença, a pessoa precisa conhecer a patologia e seu tratamento.

De acordo com Luciene Lacerda, pesquisadora do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC), o programa trata de algo tão específico – saúde da população negra -, primeiramente, porque a metade da população nacional é constituída de negros; e o atendimento é diferenciado entre as raças, por haver uma credibilidade errônea (herança de um passado histórico da raça) de que as pessoas negras são mais resistentes. Dessa forma, há a preocupação em transportar essa discussão para dentro da Instituição acadêmica.

A organização frisa que não há, em primeira instância, uma questão política, mas um interesse científico-social. “É um assunto que se embaralha muito e não possui uma rápida adesão, por as pessoas logo relacionarem às questões de cotas, com possíveis privilégios aos pacientes negros em exames e atendimentos – o que não é o nosso intento”, aponta Luciene.

Para maior alcance do programa, os coordenadores objetivam a utilização de um site, como forma de veicular idéias e gerar debate em fóruns, além de já terem atuação agendada para a Semana de Saúde Coletiva, com mesa redonda e oficina, que acontece em  maio, constituídos de mostras de vídeos e distribuição de material de divulgação de doenças.