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Estudos sobre terapia celular

O seminário “Novas Perspectivas no Tratamento de Lesões no Sistema nervoso Central: Células de Medula Óssea e Regeneração do Nervo Óptico” foi apresentado nesta sexta-feira, 18 de abril, pelo professor adjunto do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ), Marcelo Santiago. Alguns estudantes, professores e outros profissionais da área compareceram ao auditório Alice Rosa, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), às 11 horas, conferindo as interessantes pesquisas que vêm sendo feitas no laboratório de Neurobiologia Celular e Molecular do Instituto.

Há sete anos, a partir de um auxílio para formar o primeiro Instituto do Milênio de Bioengenharia Tecidual do Brasil, os pesquisadores vêm trabalhando na busca da cura de diferentes tipos de patologias que acometem o ser humano, dentre elas, lesão no nervo óptico. Após quatro anos de estudos, com a direção da doutoranda Camila Zaverucha do Valle e sob a coordenação de Rosalia Mendez e Marcelo Santiago, foram mostrados consideráveis avanços no estudo da regeneração do nervo óptico de animais através do sistema de terapias celulares em modelos de lesão.

– Quando ocorre o esmagamento do nervo, as células gânglionares da retina são degeneradas, gerando a morte progressiva das células com o passar dos dias. Os axônios, então, conseguem se regenerar somente até a área de lesão, enquanto a outra, lesionada, fica prejudicada, uma vez que não há conexão entre a informação que chega ao olho e o encéfalo – afirma Marcelo.

Entretanto, conseguiu-se comprovar com êxito o efeito neuroprotetor que este tipo de terapia é capaz de produzir. “Acreditamos que essas células são liberadoras de fatores conhecidos comprovados, como FGF-2, e outros ainda não demonstrados, que estariam, de fato, atuando na neuroproteção e na neuroregeneração”, esclarece o pesquisador.

O FGF-2 atua, promovendo o bloqueio de sinais que levam à apoptose (morte celular programada). Existe um receptor na membrana da célula que reconhece essa molécula e quando há a ligação deste fator com o seu respectivo na membrana, são emitidos sinais para dentro da célula que impedem a morte desta. Logo, quanto maior a presença de FGF-2 na célula, mais proteção há.

Assim, com a terapia celular da medula óssea, que aumenta a sobrevivência das células gânglionares da retina, há a possibilidade de regeneração da parte lesionada, ou seja, os axônios, mesmo após uma lesão, conseguem se reagrupar em parte.

O professor alerta ainda para a função da terapia. “Há apenas a utilização protetora. Ainda não há estudos comprovados para a cura de áreas lesionadas”, atenta. 

Deve-se compreender a relevância do projeto, uma vez que já era sabido da importância do fator FGF-2. O estudo comprova a produção de FGF-2 pela célula de forma ilimitada e constante, enquanto este é vendido a altos preços, tendo um elevado custo para o paciente.  

– O projeto é fantástico. Possibilita tanto aprendizado técnico, como fazer as lesões, injeções e experimentos moleculares, quanto a parte teórica, na qual é necessária a leitura de artigos sobre o tema no qual a gente trabalha – apontam as graduandas em Biomedicina Juliana Coronel e Louise Louro, do 7° período, que participam dos estudos no laboratório.