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Psicanálise e Pink Floyd

O Instituto de Psicologia (IP/UFRJ) exibiu, no dia 7 de abril, o filme “The Wall: Pink Floyd”, para ilustrar as aulas que fazem parte da disciplina “Tópicos Especiais em Psicometria”, do curso de Graduação. O professor do IP, Victor Bento, organizador da aula especial, utiliza os filmes para realizar uma análise psicanalítica. O evento também contou com a presença de alguns alunos do curso de Ciências Sociais. Outros filmes já foram utilizados para esta aula como “Quando um homem ama uma mulher”, de Luis Mandoki, e “Eu sei que vou te amar”, de Arnaldo Jabor.

Victor Bento esclareceu que essa disciplina é uma teorização sobre a clínica das paixões tóxicas. Ele disse que essas paixões podem ser quaisquer atos sem controle. Uma ação que tenha a finalidade de descarregar as tensões, isso porque o indivíduo não está sabendo lidar com suas angústias.

No primeiro filme, ele trouxe um casal que descobriu o amor quando ficaram separados, no segundo a clínica das paixões tóxicas trouxe o tema da perversão.

Já o último filme foi dirigido por Alan Parker, inspirado na vida do Roger Waters, um dos fundadores da banda Pink Floyd. Ele conta a história de Pink, que não conheceu seu pai, pois este morreu na guerra. Devido a este fato, sua mãe o superprotege. A ausência do marido trouxe para sua mãe uma angústia, que acabou sendo transmitida para ele. O personagem sofre com as castrações de sua mãe, criando ao seu redor uma espécie de um muro, que o impede de ter um contato social.

A análise do filme foi feita pelo prisma do subjetivo de um individuo depressivo. O personagem encontrou na droga uma maneira de se salvar de uma psicose melancólica e de um suicídio, que seria uma espécie de morte psíquica, como explicou o professor.

Após a exibição do filme, Victor Bento tirou algumas dúvidas dos alunos presentes. Ele falou que a psicomania pode ser uma obsessão por qualquer coisa, não necessariamente uma droga. O termo mania refere-se ao fato de uma pessoa achar que pode escoar suas tensões apenas de um jeito, porque houve uma falha no processo mental do individuo, do contrário ele conseguiria escoar suas tensões falando. A partir daí, ele se volta para uma droga particular que pode ser o jogo, comida, álcool, sexo ou a substancia química.

Se a obsessão for de sexo, por exemplo, o individuo necessita de um grupo de mútua ajuda. Você só pode retirar uma coisa do indivíduo quando você lhe dá outra. No caso, esses grupos funcionariam como drogas, explicou o professor. Nestes grupos, o doente ouve dos outros o que ele não consegue pensar e acaba se identificando. Neste momento, há substituição da dependência de sexo pela de alguém, que passa a ser uma espécie de muleta psíquica.