O grupo Fluxo, do Laboratório Universitário de Publicidade Aplicada (Lupa) da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ, realizou nesta segunda-feira, dia 24 de março, a palestra "Quando a publicidade faz arte: a intervenção urbana, a interatividade e a experimentação estética como estratégias das marcas contemporâneas", ministrada por Fernanda Gomes, mestranda e professora substituta da ECO, que expôs inovadoras tendências e estratégias publicitárias da atualidade.
Fernanda inicia sua fala agradecendo o convite e parabenizando a divulgação da palestra feito pelo Lupa, que é uma intervenção com papelão e cartazes no prédio da Central de Produção Multimídia (CPM). “É bacana se contaminar com o tema, o conceito, o produto trabalhado”, defende a professora, elogiando a iniciativa.
Para a especialista, as estratégias publicitárias sempre buscam destacar um produto, serviço ou conceito em meio a uma série de manifestações midiáticas e urbanas. O desafio, porém, é realçar determinadas formas publicitárias em meio ao “bombardeio” das mídias tradicionais no cenário cotidiano. “Mídias como o outdoor, revistas e cartazes integram cotidiano, tornando-se habitual. É difícil, por exemplo, um outdoor chamar a atenção, pois costumeiramente já configura no cenário como paisagem”, explica.
– Nesse contexto, a publicidade precisa incorporar novas formas, criar alternativas de estar no cotidiano das pessoas com ações que se destacam e fogem do movimento diário. É a idéia da ocupação do dia-a-dia, como muitas obras artísticas que constituem intervenções urbanas – afirma Fernanda Gomes, lembrando também de aspectos como interatividade e experimentação estética. “Para o primeiro, a importância é dada na aproximação com o espectador, despertando a sensação de conectividade, de experiência não só com o produto, mas também com o conceito e a sensação do mesmo”, define a professora, que vê na experimentação estética uma aproximação com o que acontece nas artes, numa fuga dos clichês publicitários.
A apresentação conta também com a exibição de vários vídeos com demonstrações de intervenções urbanas, como a encenação de um musical envolvendo 16 pessoas, ou agentes, na praça de alimentação de um shopping, cujo tema é a necessidade de guardanapos; flash-mobs, movimentos em cenários urbanos que reúnem grande número de pessoas, como os 200 agentes que assumem o papel de estátuas em uma estação de trem, causando o espanto dos transeuntes; performances, como um dos trabalhos de Spike Jonze, no qual produz um clipe de música coreografado por grupo de amigos na entrada do cinema; e instalações interativas, como a utilização de sensores de presença e hologramas em lojas. “Há um efeito coletivo de emissão e recepção, reunindo pessoas para provocar algum tipo de intervenção no movimento cotidiano, habitual da cidade. É uma comunicação viva, cujo efeito na memória é muito rico, o que para a publicidade é bem interessante”, finaliza Fernanda.