Hoje, dia 08 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Por todo o mundo, serão feitas homenagens a pessoas do chamado “sexo frágil”. Embora hoje as mulheres tenham conquistado direitos equiparáveis aos masculinos e já demonstrem que não são tão sensíveis como sempre foram caracterizadas, ainda não conseguiram superar um mal muito freqüente que se manifesta exatamente em momentos de fragilidade feminina: a candidíase vaginal.
Causada pelo fungo Candida albicans, esta doença pode acometer diversos locais do corpo humano. O conhecido “sapinho” dos recém-nascidos, por exemplo, é uma forma de candidíase. Outros lugares onde este problema é freqüente são as vias respiratórias e o intestino.
De acordo com o ginecologista José Augusto Machado, do Instituto de Ginecologia da UFRJ, este fungo vive em meios quentes e úmidos. Porém, além destas condições já típicas que a cavidade vaginal oferece, outro fator é determinante:
– Nosso corpo mantém um equilíbrio, chamado homeostase, que o faz capaz de se defender contra agressões externas. Entretanto, algumas situações podem quebrar este equilíbrio, permitindo o aparecimento das chamadas “infecções oportunistas”. A candidíase é a infecção oportunista mais comum na mulher, – afirma o especialista.
Tal desequilíbrio orgânico pode ser ocasionado por uma série de razões. Descontrole emocional causado pela morte de um ente querido, stress, nervosismo com a proximidade do casamento são fatores que facilmente levam o organismo a se descontrolar, como declara o professor:
– Situações que fragilizam a mulher modificam o meio químico da cavidade vaginal, tornando-a mais ácida, condição que facilita ainda mais o surgimento do fungo.
Além disso, o uso de antibióticos e situações de baixa imunidade tornam mulheres mais vulneráveis ao descontrole orgânico e conseqüente candidíase. “Existem bactérias que habitam o nosso corpo e servem para protegê-lo. Contudo, em caso de doenças de origem bacteriana, quando é prescrito o uso de antibióticos, tais medicamentos matam não apenas os organismos que causam doenças, mas também os que são importantes para manter a homeostase. Sendo assim, este fator pode favorecer o aparecimento da Candida. Anemia, diabetes e AIDS também são condições facilitadoras, pois interferem no sistema imunológico e no metabolismo orgânico”, explicita José Augusto.
Segundo ele, também é muito comum que a doença ocorra em mulheres grávidas, uma vez que a gestação causa uma série de transformações em todo o corpo feminino. A gravidez reduz a imunidade da mulher, para permitir o desenvolvimento do embrião, e muda o pH vaginal, ou seja, cria um ambiente favorável para o fungo.
Sintomas
De acordo com o médico, a sintomatologia da candidíase é caracterizada por secreções esbranquiçadas. Por isso a denominação albicans, que significa “branco”. Na candidíase genital, especificamente, ocorre corrimento esbranquiçado e com grumos, prurido, ardência, vermelhidão e inchaço dos pequenos e grandes lábios. Dependendo da intensidade da manifestação do fungo, estes sinais podem sofrer agravamento:
– A candidíase pode se manifestar de forma mais branda ou mais intensa. Entretanto, o quadro mais agudo deste mal, chamado vulvo-vaginite micótica, gera extrema quantidade de corrimento, além de maior rubor e ardência. O incômodo pode ser tão grande que as mulheres não conseguem andar direito e a micção se torna quase um suplício, devido à acidez da urina e o contato com a região ferida. Neste caso, a mulher costuma correr para um ginecologista, pois os sintomas se tornam insuportáveis – , explica o ginecologista.
Tratamento e prevenção
Para evitar a candidíase e se cuidar quando ela se manifesta, é comum que a tomada de medidas genéricas. Como não é um problema grave, cuidados simples podem solucionar esta doença. Boa higiene pessoal é regra. Além disso, o uso de vestimentas adequadas ao tipo de clima em que se vive é uma boa dica. No Brasil, é aconselhável que as mulheres usem roupas, em especial calcinhas, que sejam feitas de algodão, pois auxiliam na ventilação e reduzem os riscos do surgimento da Candida.
– Cremes vaginais e sabonetes íntimos que diminuem a acidez da vagina são formas de tratamento da candidíase. Em caso de vulvo-vaginite, o médico pode receitar tratamento sistêmico, à base de comprimidos. Também era comum, no passado, que as mulheres fizessem banhos de assento com bicarbonato de sódio. Esta é uma forma eficaz e barata de eliminar o fungo, pois a água bicarbonatada é alcalina e a Candida não sobrevive em meios com esta característica, comenta José Augusto.
Por que só as mulheres sofrem?
Atualmente, a candidíase está relacionada como uma doença sexualmente transmissível. Contudo, o ginecologista afirma que se formou um mito em relação a este problema, pois existe um fato que torna a hipótese de contaminação através do ato sexual mais complicada:
– O pênis apresenta características muito diferenciadas da vagina. Como ele é externo e bem ventilado, ele não é tão quente e não retém tanta umidade como a genitália feminina. Por isso, é muito difícil que o fungo se desenvolva neste ambiente. Por isso, quando um homem é afetado por meio de relação sexual, por exemplo, ele pode sentir certo desconforto logo em seguida, mas rapidamente o próprio organismo, espontaneamente, elimina o problema -, revela o médico.
José Augusto finaliza com um esclarecimento: “É fundamental que o ginecologista relate para as meninas que estão começando a freqüentar consultórios de ginecologia sobre males freqüentes e situações para ficar alerta. As mulheres têm que procurar um especialista quando perceberem que estão lidando com problemas mais sérios, e informação é vital neste sentido”.