O ano letivo dos cursos de Pós-graduação do Centro de Ciências Naturais e da Natureza (CCMN/UFRJ) teve abertura oficial no último dia 13, sob palestra ministrada pela pró-reitora Ângela Üller. A professora abordou temas como a Pós-graduação, a Pesquisa e a inovação na UFRJ e defendeu que a junção desses elementos é parte crucial para o futuro da universidade.
Para ela, é fundamental que professores e alunos conheçam o funcionamento da universidade e dos centros acadêmicos e que se integrem de maneira que a troca de idéias e de experiências circulem entre os variados cursos a fim de realizar projetos multidisciplinares e de importância para a sociedade.
Segundo Ângela, é papel da universidade gerar idéias e difundi-las no mercado, aliando assim, prática à teoria. Por isso, defende a criação de projetos que reflitam as experiências do universo acadêmico voltadas para o mercado. A professora ressaltou que se deve formar não somente profissionais e pesquisadores para o mercado, mas empreendedores que tenham visão do mesmo, efetuando, desse modo, uma mudança de cultura.
– É necessário realizar a cultura da inovação, uma que seja responsável por agenciar a captação de recursos, a gestão do conhecimento, a difusão dos resultados de pesquisa e de propriedade intelectual. Uma que vise os estudos de futuro, que crie programas de incubação e os acompanhe, juntamente com os parques. Que promova o licenciamento de tecnologia, retornando ao ciclo iniciado pela captação de recursos – argumentou Ângela.
Estimular a criação de programas de Mestrado e Doutorado em campos inter, multi e transdisciplinares, proporcionando convergência nas áreas de conhecimento, também seria necessário para a progressão no quesito inovação. Segundo ela, cursos ministrados pelas áreas de Ciências Sociais, Filosóficas, Jurídicas e Econômicas, ligando questões dos cursos técnico-científicos à ética, ao empreendedorismo e a legislação, por exemplo, são essenciais para análise da sociedade atual.
– Com o aprofundamento dos estudos em Nanociência e Nanotecnologia, por exemplo, e suas conseqüentes descobertas sobre o corpo humano e avanços para a saúde, é imprescindível realizar estudos sobre como esses são vistos pela sociedade, sobre sua repercussão sobre ela – defendeu a pró-reitora.
Foi exatamente essa questão que Lício Caetano Monteiro, representante da Associação de Pós-graduandos (APG), levantou ao fim da palestra: “Como refletir os interesses da sociedade e possibilitar a multiplicidade dos projetos a serem desenvolvidos se os temas são determinados pelas empresas patrocinadoras que visam retorno a curto prazo?”.
A professora respondeu afirmando que não adianta ser utópico, pois na vida real não se trabalha com a hipótese do “melhor dos mundos”. Segundo ela, deve-se trabalhar com as oportunidades dadas e agradecer por essas existirem, mesmo que restrinjam de certa forma os temas a serem trabalhados.
– O problema está exatamente aí, enquanto a inovação for tratada como assunto periférico, a educação continuará sendo subjugada como tal. Se o papel da universidade está em levar o conhecimento desenvolvido aos setores da sociedade, interagindo com a mesma, a efetivação de projetos que visam imediatismo e lucro não são complacentes com essa idéia.