Na tarde desta segunda-feira, 31 de março, foi realizado o “Dia D contra a dengue” na UFRJ, evento que reuniu representantes da comunidade acadêmica e a imprensa carioca. O encontro educativo, motivado, sobretudo, pela atual epidemia de dengue na cidade, ocorreu na sala 1 da decania do Centro de Ciências Matemáticas da Natureza (CCMN/UFRJ), sob a organização do Grupo de Trabalho de Combate à Dengue da UFRJ."> Na tarde desta segunda-feira, 31 de março, foi realizado o “Dia D contra a dengue” na UFRJ, evento que reuniu representantes da comunidade acadêmica e a imprensa carioca. O encontro educativo, motivado, sobretudo, pela atual epidemia de dengue na cidade, ocorreu na sala 1 da decania do Centro de Ciências Matemáticas da Natureza (CCMN/UFRJ), sob a organização do Grupo de Trabalho de Combate à Dengue da UFRJ.">
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Dengue, uma questão de educação e conscientização

Na tarde desta segunda-feira, 31 de março, foi realizado o “Dia D contra a dengue” na UFRJ, evento que reuniu representantes da comunidade acadêmica e a imprensa carioca. O encontro educativo, motivado, sobretudo, pela atual epidemia de dengue na cidade, ocorreu na sala 1 da decania do Centro de Ciências Matemáticas da Natureza (CCMN/UFRJ), sob a organização do Grupo de Trabalho de Combate à Dengue da UFRJ.

 Na tarde desta segunda-feira, 31 de março, foi realizado o “Dia D contra a dengue” na UFRJ, evento que reuniu representantes da comunidade acadêmica e a imprensa carioca. O encontro educativo, motivado, sobretudo, pela atual epidemia de dengue na cidade, ocorreu na sala 1 da decania do Centro de Ciências Matemáticas da Natureza (CCMN/UFRJ), sob a organização do Grupo de Trabalho de Combate à Dengue da UFRJ.

O objetivo do evento, como informou o professor Hélio de Mattos, prefeito da Cidade Universitária, é realizar um trabalho educativo junto à comunidade da UFRJ, ao mostrar o que é e como se combate a dengue, além de divulgar as ações feitas dentro da universidade para impedir o avanço da doença e de seus causadores.

– A proposta de hoje é que os presentes sejam disseminadores e multiplicadores de informação acerca do combate à dengue. O papel da imprensa aqui presente hoje também é muito importante, pois além de multiplicadores, são formadores de opinião – considera Hélio.

Há duas semanas, foi feita uma vistoria por toda a Ilha do Fundão, a fim de identificar os possíveis focos de dengue no local. A comissão formada pelo Grupo de Trabalho de Combate à Dengue na UFRJ, com apoio da prefeitura do campus, fez uma avaliação dos riscos e uma busca em mutirão para eliminar os possíveis criadouros na universidade.

Ao contrário do que muitos imaginavam, não foi encontrado qualquer foco de reprodução do mosquito transmissor da doença no campus da UFRJ. De acordo com o professor que comandou a apresentação do Dia D, Maulori Cabral, do Instituto de Microbiologia da UFRJ, os mosquitos que foram identificados na Ilha não são do tipo Aedes aegypti, mas sim de outros tipos que não transmitem a dengue e nem picam seres humanos.

A doença

Conforme o professor Maulori explicou, a dengue é uma doença de cunho genético: “só tem dengue quem pode”. Muitos indivíduos podem ser picados a vida inteira pelo vetor transmissor do vírus, mas nunca terão a doença. Estudos mostram que a cada dez pessoas picadas, apenas uma ou duas desenvolvem a enfermidade. Um outro dado curioso: cerca de 90% da população já teve dengue sem aparentar, de forma assintomática.

Os sintomas da dengue relatados por uma pessoa com a doença, como febre e dores pelo corpo ou acima dos olhos, são indicativos de que a pessoa está se curando, ou seja, é o momento em que o organismo procura o re-equilíbrio, o que exige do corpo uma temperatura mais quente, por exemplo. “Se uma pessoa toma algum remédio para baixar a febre, como dipirona ou paracetamol, a virose fica mais demorada. Esses remédios prolongam a dengue”, declarou o especialista em sua palestra no Dia D da UFRJ.

Dentre as alternativas informais para evitar a dengue, que têm circulado de boca em boca nestes tempos de crise, uma das mais faladas é o Complexo B, que “espantaria” os mosquitos daquelas pessoas que o ingerissem. Maulori esclarece: “O Complexo B harmoniza os processos metabólicos, ajudando as enzimas a funcionar melhor, o que reduz em alguns décimos a temperatura do corpo. Como sabemos, o mosquito identifica as pessoas pelo calor e prefere aquelas que estão mais quentes”.

Seguindo essa lógica, o conjunto de vitaminas até ajuda a evitar a picada do Aedes aegypti, mas o especialista faz uma ressalva bem humorada: “Isso só funciona se o mosquito puder escolher entre a pessoa que tomou e a que não tomou. Se o cara que tomou o Complexo B estiver sozinho, vai ele mesmo!”

Educação e sociedade

Na opinião do professor, o uso de qualquer tipo de repelente é uma atitude egoísta, segundo a qual o “eu” não pode ser contaminado, mas o outro pode. Ele destacou a necessidade de se fazer uma corrente contra a dengue, pois pegar a doença não depende de si, mas do outro, que deve fazer sua parte e combater criadouros de ovos e larvas do Aedes aegypti. “Cada um deve zelar para que o outro não pegue dengue. Se essa filosofia der certo, em um mês o problema da dengue no ambiente urbano acaba”, acredita.

De nada adianta um caminhão fumacê passando pela rua, pois além de ser uma alternativa tóxica para a população, mata apenas os mosquitos adultos. Destes, os que não morrem ficam mais resistentes, e os ovos, larvas e pulpas – que são as primeiras fases do ciclo de vida dos mosquitos adultos – continuam intactos, permitindo que novos mosquitos surjam.

Uma solução apresentada pelo professor Maulori para acabar com a dengue consiste em uma armadilha letal para os mosquitos, que pode ser feita com facilidade por qualquer pessoa em suas casas, com um custo quase zero. Trata-se da mosquitérica, a qual pode ser construída utilizando-se garrafa PET e mais alguns materiais de fácil aquisição. (  Saiba como construir sua mosquitoeira)

Maulori sugere que as empresas de refrigerante tenham a preocupação de fazer uma marcação nas garrafas PET que indique onde se deve cortá-las para construir a mosquitérica. Mais do que isso, ele também clama para que os fornecedores de microtule (tecido utilizado como barreira para as larvas aprisionadas na armadilha) façam a distribuição deste produto para toda a população.

Para encerrar o Dia D da Dengue na UFRJ, foi exibido o filme documentário científico “O mundo macro e micro do mosquito Aedes aegypti”, produzido pelo laboratório de produção e tratamento de imagem do Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), que já passou por importantes mostras científicas e foi contemplado com menção honrosa da Associação Mundial de Filmes de Medicina e Saúde (WAMHF). Veja aqui o filme. Cada minuto deste filme equivale a dois dias da vida do mosquito.

Os interessados em realizar trabalhos educacionais em escolas, clubes ou associação de moradores, além de tirar dúvidas, podem entrar em contato com o Disque Dengue da UFRJ, através do número 2562-6698. Vale lembrar que este telefone não é responsável por receber denúncias de foco da dengue ou pedidos de fumacê. Trata-se de um suporte institucional na conscientização e luta contra a dengue, que, mais do que tudo, é um problema a ser combatido com a educação.