O Programa de Pós-graduação em Comunicação da UFRJ realizou nesta terça-feira, dia 25 de março, a aula inaugural Projeto de pesquisa em rede: objeto, metodologia e logística: o caso do Observatório Ibero-americano de Ficção Televisiva, ministrada por Maria Immacolata Vassallo de Lopes, professora da Universidade de São Paulo (USP).
A especialista inicia sua fala a partir dos conceitos de rede social, definindo-a como um conjunto de atores, sociais ou não, vinculados a uma série de relações que cumprem determinadas propriedades e funções, possuindo estrutura e morfologias próprias que levam à sua quantificação, à representação gráfica. “O setor da comunicação aprendeu a trabalhar em cooperação, com troca de experiências. Essa comunidade científica forma uma rede. Então, pensar esses conceitos é importante não apenas para falar sobre objetivos de projeto, por exemplo. Cabe também ao real entendimento do significado, o que o conceito de rede científica pode trazer para o trabalho de pesquisa, tratando-se de estudos em comunicação, na análise das redes sociais”, afirma Immacolata.
A professora também aponta características da ciência como produção social, à qual chama também de rede: “a apropriação criativa e o trabalho coletivo, compartilhado e colaborativo, independente de localidade física ou locus cultural identitário, aumento na circulação de artigos, pesquisas, e-mails, blogs temáticos, fóruns de discussão, entre outros, integram o processo de criação de uma cultura de rede no processo de produção do conhecimento, no trabalho científico”, enumera, referindo-se às tecnologias da inteligência do filósofo Pierre Lévy.
Após a análise de redes sociais, Maria Immacolata apresenta o caso do Obitel – Observatório Ibero-americano de Ficção Televisiva – constituído em fevereiro de 2005 na cidade de Bogotá, capital da Colômbia. Atualmente o Observatório é formado por Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Espanha, México, Portugal, pela área hispânica dos Estados Unidos e Peru, que se agrega neste ano.
Segundo a especialista, o Obitel surgiu frente ao peso da ficção televisiva no espaço ibero-americano, além da circulação internacional de culturas promovida por essas produções. “Temos na sua formação uma rede ibero-americana de investigadores, com o apoio de órgãos de fomento de cada país e de institutos de pesquisa de audiência, como o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística, Ibope. Já o corpus anual da pesquisa foi composto por todos os programas ficcionais produzidos em cada país, bem como pelos programas de circulação ibero-americana, transmitidos por canais de televisão aberta”, explica Immacolata.
– Além disso, existem três linhas de trabalho para a elaboração do Anuário Obitel da Ficção Televisiva Ibero-americana. A primeira linha é quantitativa/descritiva da produção anual de ficção nacional de cada país; a segunda é de análise da produção e recepção de caráter qualitativo/interpretativo, no que confere aos aspectos sociais e culturais que são veiculados; por último, a linha comparativa que identifica as semelhanças e diferenças na ficção televisiva destes nove países participantes – descreve a especialista, lembrando que o Anuário Obitel da Ficção Televisiva Ibero-americana de 2007 será lançado em breve na língua portuguesa, e anunciando, por fim, que o próximo encontro do Observatório será realizado no Brasil.