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Hospital Universitário comemora 30 anos em grande estilo

O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) completou nesta quinta-feira, dia 6 de março, 30 anos de existência.

No atendimento de seus 123 ambulatórios são registradas 25mil consultas/mês. Ano passado o hospital ultrapassou a marca de consultas ambulatoriais realizadas em todo o ano de 2006, atingindo mais de 20.900 atendimentos em suas 49 especialidades médicas. Entre os procedimentos de alta complexidade (transplantes de órgãos, terapias com células-tronco, cirurgia bariátrica entre outras), o número ultrapassou os 10 mil, resultado bem superior à meta de pouco mais de 7 mil. “Uma responsabilidade nossa, de nosso contrato de gestão”, afirma categórico o diretor.

  Abertura do I Congresso do HU – Comemoração dos 30 anos
 O Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) completou nesta quinta-feira, dia 6 de março, 30 anos de existência. Para comemorar, diversas atividades foram programadas, entre elas, a realização do I Congresso Científico Multidisciplinar e o lançamento do livro ‘A saga de um sonho’, que conta a história do hospital desde a sua construção, com depoimentos de personagens que fizeram parte de todo o processo.

A abertura do encontro contou com a presença diversas autoridades acadêmicas e políticas. A mesa foi composta pelo Almir Fraga Valladares, decano do Centro de Ciências da Saúde (CCS), representando o reitor da UFRJ, professor Aloísio Teixeira; professor Alexandre Pinto Cardoso, diretor do HUCFF e presidente do congresso; professor José Marcos Raso Eulálio, vice-diretor da Faculdade de Medicina, doutor José Carvalho de Noronha, secretário de atenção a saúde, representando o ministro da saúde; professora Antonieta Tyrrell, diretora da Escola de Enfermagem Anna Nery e o professor Clementino Fraga Filho, convidado de honra.

– Hoje é dia de festa, fazemos 30 anos e também comemoramos 200 anos da Faculdade de Medicina da UFRJ. Fazemos uma homenagem a nosso patrono, professor Clementino Fraga Filho, fonte permanente de inspiração cuja trajetória se confunde com a história da Medicina do nosso país e também com o ensino. Prestamos justa homenagem àqueles que precederam a direção dessa casa, assim como ex-alunos e residentes que se destacaram nos seus respectivos pontos de atuação pelo critério da comissão organizadora e cientifica. Esse grupo de pessoas leva em seu genoma um DNA recombinante, limiar do Hospital Universitário da UFRJ. Essa marca que cada um de nós carrega quando sai daqui – declarou o professor Alexandre Pinto Cardoso.

O diretor fez um breve balanço de sua gestão apontando conquistas e dificuldades na administração de um hospital de referência como o HUCFF. “Teremos a oportunidade de incorporar à nossa infra-estrutura equipamentos e instalações que nos permitirão melhor cumprir a nossa missão. Vamos inaugurar um complexo importante. Um moderno equipamento de ressonância nuclear magnética (o primeiro da rede pública do RJ). Importante para a nossa atividade de investigação que possamos bem cumprir a nossa função de hospital terciário”.

Nesses 30 anos muitas conquistas foram computadas. Na gestão atual, uma das últimas dá conta da reforma do ambulatório que comporta 123 salas de atendimento. “Trocamos todo o mobiliário, colocamos ar condicionado em todas as unidades de atendimentos e para as salas de espera. Instalamos 123 micro computadores para a informatização plena do hospital”, relata Alexandre.

No atendimento desses ambulatórios são registradas 25mil consultas/mês. Ano passado o hospital ultrapassou a marca de consultas ambulatoriais realizadas em todo o ano de 2006, atingindo mais de 20.900 atendimentos em suas 49 especialidades médicas. Entre os procedimentos de alta complexidade (transplantes de órgãos, terapias com células-tronco, cirurgia bariátrica entre outras), o número ultrapassou os 10 mil, resultado bem superior à meta de pouco mais de 7 mil. “Uma responsabilidade nossa, de nosso contrato de gestão”, afirma categoricamente o diretor.

Mas nem tudo é festa. Se por um lado o hospital conseguiu comprar um equipamento de alta precisão, por outro, não pode adquirir um Glivec a R$ 45,63 (comprimido para tratar pacientes com Leucemia Mielóide) devido a rubrica não ser a mesma. “Uma contradição do grande esforço para renovar equipamento e uma imensa dificuldade de custeio. O hospital não é orçamentado pelo MEC. Então às vezes nós compramos um equipamento de ressonância nuclear magnética, mas temos dificuldade de comprar um medicamento”, justifica professor Alexandre.

Segundo ele, desde 2004, quando o HUCFF recebeu uma verba de custeio do Ministério da Saúde, a situação melhorou, mas está muito aquém das reais necessidades do sistema de saúde como um todo. “Precisamos de mais recursos. Se nós não tivermos recursos reais fica difícil administrar. Não é que nós deixamos de fazer, mas fazemos com muita dificuldade. E as cobranças que temos são muitas”, ressalta o professor.

Enquanto o desejo não se torna realidade o Hospital Universitário continua prosperando. Como destaca o diretor ao falar da Unidade de Pesquisa Clínica (UPC) inaugurada ontem (06/03) pelo ministro da saúde, José Gomes Temporão. Lá poderão ser realizados ensaios randomizados para avaliar a eficácia de diferentes modalidades terapêuticas através da aplicação das drogas em estudo e de placebo – pílulas de teste sem efeito terapêutico. A unidade conta, inclusive, com quartos reservados para estudos em que o paciente necessita de isolamento. Com a nova unidade, o HUCFF irá se integrar à Rede Nacional de Pesquisa Clínica, que realiza estudos para o Ministério da Saúde.

Devido a sua grande competência o Hospital Clementino Fraga Filho recebe importantes incumbências; uma delas virá ainda esse ano. Segundo o secretário de Atenção à Saúde, doutor José Noronha, o Ministério da Saúde lança, no segundo semestre, o quadrilátero dos transplantes, com a participação do Hospital de Saracuruna, do Getúlio Vargas, do Hospital Geral de Bonsucesso e do HUCFF. “Esse é um desafio que estou trazendo para o Hospital Universitário. Vamos começar a articular a integração que já está em curso entre os colegiados dos hospitais federais do Rio de Janeiro para que se possa, de fato, devolver à Medicina carioca o destaque que ela merece e pelo qual essa Universidade está ansiosa. Essa será a modesta colaboração desses dois ex-alunos, o ministro José Gomes Temporão e eu”, compromoteu-se Noronha.

Outro desafio foi lançado pelo decano do CCS, professor Almir Valladares, que não esqueceu de exaltar a capacidade e competência dos profissionais do HUCFF antes de pedir seu apoio para vencer mais uma batalha. “Nosso grande desafio para o futuro é essa parte esquelética, não construída que nos ameaça aqui ao lado do hospital. Temos que resolver essa questão. Essa é a nossa luta do futuro e tenho certeza que temos condições de vencer; para isso contamos com a união e a ajuda de todos”.

Para encerrar o professor José Marcos Hilário, vice-diretor da Faculdade de Medicina, fez um agradecimento especial ao patrono, professor Clementino Fraga Filho. “O historiador Fustel de Coulanges em sua obra-prima ‘Cidade antiga’ nos diz que, na tradição greco-romana, o maior presente que um homem de honra pode dá a alguém é o seu próprio nome. O senhor professor, que nos havia dado sua competência, trabalho e dedicação, deu também um nome a esse hospital permitindo que futuras gerações e cada profissional que aqui trabalha possa se sentir parte do seu magnífico exemplo. A Faculdade de Medicina agradece”.