Categorias
Memória

Escola Anna Nery recepciona calouros

 Quem foi ao auditório Rodolpho Paulo Rocco na última terça-feira, 4 de março, precisou se esforçar para enxergar o verde das cadeiras do Quinhentão. Das 10h às 12h o cenário foi dominado pelos rostos curiosos e atentos dos calouros de curso de Enfermagem da UFRJ. Os novos alunos marcaram presença à Aula Inaugural esse ano ministrada pela professora Nébia Maria Almeida de Figueiredo, da Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, da UniRio.

Os professores presentes tinham muito que comemorar, afinal não era uma aula comum: em 2008, a Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN) completa 85 anos de existência. Os feitos pioneiros da Instituição foram lembrados durante a abertura pela diretora, Maria Antonieta Rubio Tyrrell. “A EEAN criou a carreira de enfermagem no Brasil e também gerou diretrizes para a formação do enfermeiro na América Latina, já que ela se localiza entre uma das primeiras escolas latino-americanas a formar enfermeiros de nível superior”, lembrou a professora.

Ainda durante a solenidade de abertura, Tyrrell ressaltou o ensino de pós-graduação da Escola. “A Escola Anna Nery marca não só o ensino de graduação, mas também o da pós-graduação strictu sensu. Ela foi a primeira a ter o curso de especialização em enfermagem, em 1972, o primeiro curso de mestrado no Brasil, o primeiro curso de doutorado e, em 2000, a EEAN passou a ter também o curso de pós-doutorado”, listou a diretora, lembrando que, de todas as escolas do Rio de Janeiro, 24 ao todo, a EEAN é a única que oferece à sociedade carioca, bem como à sociedade da América Latina, todos os programas de formação acadêmica do Ensino Superior de Enfermagem.

Aprendendo enfermagem
Muito entusiasmada e com a medalha Anna Nery no pescoço, a professora Nébia Figueiredo subiu ao palco, com a proposta de passar um pouco de sua experiência aos futuros enfermeiros e enfermeiras presentes. Doutora em enfermagem, Nébia falou direto aos calouros, sobre mercado de trabalho. “Essa é uma profissão que tem infinitas possibilidades. Não só na área hospitalar ou na comunidade. Vocês têm imensas possibilidades de se engajar no mercado de trabalho”, afirmou. “Há a genética, a área militar, enfim, vocês terão muitas oportunidades. Quero dizer para vocês que essa é a única profissão em que vocês não saberão o que é ficar desempregado”, profetizou a professora.

A enfermeira lembrou de alguns princípios da profissão que marcaram seu aprendizado, e os compartilhou com os recém-chegados. “Para ser enfermeira era preciso ter disciplina. E eu acho que é o princípio que permanece. Sem disciplina a gente não chega a lugar nenhum”, aconselhou a doutora. Além disso, a professora ressaltou a importância do compromisso e da boa aparência. “Não me refiro a beleza, nem roupas caras, mas bem apresentadas, porque temos vistos alguns casos que nos envergonham”, comentou.
 
Para Nébia Figueiredo, comunicação é o conceito desse século e, para a Enfermagem, não poderia ser diferente. “Estamos com dificuldade de nos comunicar. E não é só cuidando. Pode ser ensinando também, ou trabalhando. Nós, do grupo de trabalho, temos discutido essas questões da linguagem, porque nós precisamos saber o que o outro faz. Às vezes, o aluno passa quatro anos na mesma Escola e não sabe o nome do colega” completou a enfermeira.

O evento foi encerrado ainda com uma tradição: acender a lâmpada de Florence Nightingale, a “Dama da Lâmpada”. Ícone da Enfermagem, Nightingal recebeu esse apelido por andar pelas enfermarias e camas dos soldados durante a Guerra da Criméia, em 1854. Com esse símbolo, o desejo comum naquela manhã no Quinhentão era de que a chama não se apagasse.