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Febre amarela: sem razão para pânico

O Brasil já conhece esse cenário: com a chegada do verão, a mobilização em torno de medidas contra doenças tropicais se prolifera em noticiários e na mídia em geral. Evitar acumular água parada e tampar bem caixas d’água são alguns dos cuidados para diminuir a incidência da dengue e já fazem parte da rotina de verão do brasileiro.

Entretanto, em 2008, é a febre amarela que está roubando a cena e levando milhares de pessoas aos postos médicos em busca de vacina. Até o dia 20 de janeiro, foram notificados 33 casos suspeitos. Destes, 12 foram confirmados. E os números não param de causar medo na população. No último fim de semana, o Ministério da Saúde confirmou a oitava morte pela doença – mais do que o número de óbitos durante todo o ano passado.

O Brasil já conhece esse cenário: com a chegada do verão, a mobilização em torno de medidas contra doenças tropicais se prolifera em noticiários e na mídia em geral. Evitar acumular água parada e tampar bem caixas d’água são alguns dos cuidados para diminuir a incidência da dengue e já fazem parte da rotina de verão do brasileiro.

Entretanto, em 2008, é a febre amarela que está roubando a cena e levando milhares de pessoas aos postos médicos em busca de vacina. Até o dia 20 de janeiro, foram notificados 33 casos suspeitos. Destes, 12 foram confirmados. E os números não param de causar medo na população. No último fim de semana, o Ministério da Saúde confirmou a oitava morte pela doença – mais do que o número de óbitos durante todo o ano passado.

Apesar do cenário, as autoridades do governo e os especialistas não acreditam em uma epidemia de febre amarela urbana, que teve seu último caso registrado em 1942. Para o chefe do Serviço de Epidemiologia e Avaliação do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho da UFRJ, Roberto Fiszman, não há razão para pânico. “Esse medo generalizado é injustificado. O que está acontecendo é que as pessoas estão se infectando nas áreas silvestres ou ‘intermediárias’. Logo após, retornam para as cidades, quando aparecem os sintomas”, afirma o professor, lembrando de manchetes do gênero “febre amarela em São Paulo” que se referem a casos desse tipo. “Entretanto, é bom ressaltar que o retorno da forma urbana é pouco provável, mas não é impossível”, frisa o médico.

As possibilidades existem, porém considerá-las prováveis é mais difícil. Por exemplo, há a possibilidade de o vírus ser “transportado” das áreas de risco para o meio urbano e passar a ser transmitido pelo Aedes aegypti. Entretanto, Fiszman afirma que a situação é pouco provável.

A doença
A febre amarela é uma doença infecciosa aguda, de curta duração (no máximo 10 dias) e gravidade variável. É causada pelo vírus Arbovírus do gênero Flavivirus, família Flaviviridae, transmitido através da picada de mosquito. Segundo o Ministério da Saúde, quem esteve em área de risco deve ficar atento a sintomas como febre, dor de cabeça, dor no corpo e dor abdominal.

Áreas de risco
Segundo o MS, as seguintes áreas apresentam riscos de contágio: todos os estados da Região Norte e Centro-Oeste, bem como parte da Região Nordeste (estado do Maranhão, sudoeste do Piauí, oeste e extremo-sul da Bahia), Região Sudeste (estado de Minas Gerais, oeste de São Paulo e norte do Espírito Santo) e Região Sul (oeste dos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul).

Roberto Fiszman afirma que há sempre a possibilidade de regiões que não aparecem nessa lista, como o Rio de Janeiro, passarem a ser áreas de risco. “Possibilidade, sempre há. O problema é confundir isso com probabilidade. É a presença do vírus que define se a doença pode aparecer na região, ou não. Não havendo o vírus, não há risco”, explica o médico.

Dengue e febre amarela
Enquanto as filas se multiplicam nos postos a procura da vacina para a febre amarela, a dengue continua a existir e a se manifestar por todo o país. Para Fiszman, a doença pode causar mais preocupações do que um possível surto de febre amarela. “Primeiramente, a dengue já é uma epidemia, e já se espalhou pelo país. Em segundo lugar, não tem vacina, e essa é uma enorme diferença”, lembra o especialista. “A prevenção da febre amarela consiste em vacinar as populações expostas ao risco, e medidas comuns contra mosquitos. Já em relação à dengue, a situação é diferente. O combate ao mosquito da dengue devia ser contínuo, e não é”, critica Fiszman.

Prevenção
Assim como o Ministério da Saúde, Roberto Fiszman é categórico: “Quem não mora, ou não vai viajar para áreas de risco não tem que se preocupar com febre amarela”. Segundo o professor, boa parte das pessoas que está se vacinando não precisaria fazê-lo imediatamente. Relembrando as informações do MS, quem for viajar para áreas de risco deve se vacinar pelo menos dez dias antes, e a vacina vale por dez anos.

Entretanto, a população precisa estar atenta aos possíveis efeitos colaterais, que são raros, e às contra-indicações. Entre os grupos de risco estão gestantes, bebês com menos de quatro meses e portadores de HIV. A lista completa pode ser obtida no site do Centro de Vacinação de Adultos da UFRJ – www.cva.ufrj.br/vacinas

Em caso de epidemia urbana, outra forma de prevenção poderia ser, ainda, o controle do mosquito transmissor no meio urbano, o Aedes aegypti. “Na eventualidade do aparecimento da forma urbana, o combate ao mosquito seria benéfico, porque é o mesmo mosquito transmissor do dengue”, avalia o professor. “Esse combate, portanto, já devia estar sendo feito por causa da epidemia de dengue”,  conclui Fiszman.