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Embaixada da França realiza conferência sobre Biocombustível na UFRJ

Embaixada da França realiza conferência sobre Biocombustível na UFRJ

Nos dias 29 e 30 de novembro, acontece no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ o encontro “Externalidades Ambientais, Econômicas, Sociais e Políticas do desenvolvimento das Produções Agroenergéticas – Estudos Prospectivos”, organizado pela Embaixada da França no Brasil. O encontro visa debater as questões envolvidas com o desenvolvimento das produções agrícolas com finalidades energéticas e apresenta a expectativa de estabelecer novas parcerias.

No primeiro dia do evento, foram apresentadas três mesas de debate, sobre os temas “Fator de Produção e Oferta Agrícola”, “Escolhas Tecnológicas”, “Equilíbrios Geopolíticos e Negociações Internacionais”, contando com a participação de especialistas da França, Argentina, Chile e Brasil. A abertura ficou por conta de Jean Pierre Courtiat, embaixador da França em Brasília, e de Philippe Petithuguenin, do Centre de Coopération Internationale en Recherche Agronomique (CIRAD). Petithuguenin conta que a idéia do seminário surgiu a pouco mais de um ano, a partir da necessidade de discutir a bioenergia de um ponto de vista mais abrangente e não apenas técnico ou político. “Reunimos uma diversidade de opiniões, o que me parece proveitoso para o debate, como profissionais da biofísica, das ciências sociais e políticas, especialistas técnicos e em pesquisas da área institucional, professores universitários”, lista Philippe.

Marcello Poppe, do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Emilio de La Rovère, do Programa de Planejamento Energético do Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa (COPPE/UFRJ), e Georges Flexor, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), compuseram a primeira mesa de debates, avaliando as perspectivas energéticas do biocombustível e os impactos de sua exploração.

Poppe conta que Brasil e Estados Unidos são atualmente os maiores produtores de etanol, álcool combustível produzido nesses países a partir de cana-de-açúcar e do milho, respectivamente, e que essa produção, paralelo ao consumo, tende a crescer. “Isso se justifica pela competitividade positiva que a utilização do biocombustível demonstra: o preço do etanol brasileiro fica em torno de US$ 0,30/litro, enquanto o óleo combustível custa em média US$ 60,00 por barril e a gasolina oscila entre US$ 0,45 e 0,60 por litro”, compara, lembrando que o biocombustível também atende Às especificidades do protocolo de Kyoto, reduzindo a emissão de carbono (GHG) para a atmosfera.

La Rovère e Flexor reforçam a exposição de Poppe, levantando pontos de discussão relacionados às incertezas da utilização do biocombustível em longo prazo, como preços, reservas e suprimentos, desequilíbrio geopolítico e as relações com o aquecimento global. “A expansão da bioenergia certamente causará impactos nas relações econômicas, políticas e sociais. A primeira delas está relacionada ao seguimento alimentar, uma vez que cederá boa parte de terra cultivável para a produção da cana de açúcar. Da mesma maneira, é prevista a construção de um mercado global, liderado por Brasil e Estados Unidos, e a oportunidade de geração de renda para países em desenvolvimento, apesar da contribuição necessária das nações desenvolvidas em pesquisas”, acredita Georges Flexor, que completa: “Há controvérsias científicas quanto aos impactos sobre o meio ambiente. Em sua maioria, entretanto, acreditam que esse incentivo ao biocombustível é positivo”, afirma o especialista.