A VII Mostra de Teatro da UFRJ promoveu o debate Teatro e Literatura, na última quarta-feira (21). Com a participação dos convidados José da Costa, professor de Teatro da Unirio, e Moacir Chaves, diretor do teatro Maria Clara Machado, o evento faz parte do ciclo de debates Dramaturgia Hoje, presente na programação da mostra.
O mediador do debate, Denílson Lopes, professor da Escola de Comunicação da UFRJ (ECO), ressaltou, antes de dar a palavra aos convidados, a importância de inserir no ciclo a discussão sobre o tema Teatro e Literatura. A Mostra de Teatro da UFRJ é a reunião dos projetos finais de formandos do curso de Direção Teatral. Segundo Denílson, dos 11 projetos apresentados na mostra deste ano, mas da metade são adaptações de textos literários e não, de textos dramatúrgicos. Desde textos bíblicos à obra Kafka, a literatura está presente nos trabalhos produzidos em 2007. “Se no século XIX, os literários eram rejeitados, o que faz com que eles hoje sejam buscados para a teatralização?”, questionou o professor.
Para José da Costa, o uso da literatura na dramaturgia se trata de um autoquestionamento do teatro na contemporaneidade. “Teatralizar uma obra literária não se trata de homenagear ou exaltar determinados cânones da literatura, mas sim, de um embate com determinados formatos tradicionais de obras para o teatro”, explicou o professor. Da Costa ainda provou, através de exemplos recentes, que o teatro não só está teatralizando obras literárias, como também está figurando o livro. “Muitas peças têm usado o universo literário como cenário. Um último exemplo é a peça da Zezé Polessa que está em cartaz (Não sou feliz, mas tenho marido). O cenário é um estoque de livros e a história começa com a imagem de um livro se abrindo reproduzida no telão”, exemplificou Da Costa.
Moacir Chaves criticou os críticos que entendem a teatralização como dar forma dramática à literatura. “É um equívoco pensar desta forma”, afirmou o diretor que incitou a discussão sobre o uso da palavra adaptação no meio teatral. Adaptação é transformar em outro gênero. Não é esse termo que utilizo quando faço uma peça a partir de uma obra literária, pois não transformo em outro gênero. Por isso, não uso adaptação. Uso ‘a partir’ ou não uso nada”, comentou, explicando que o que ele faz é dar outra forma ao texto literário, a partir do canto, por exemplo.
O próximo debate do ciclo Dramaturgia Hoje será realizado na próxima quarta-feira (28), com o tema Teatro e Política. Mediada pela coordenadora do curso de Direção Teatral da ECO, Carmem Gadelha, a mesa terá como convidados Luiz Fernando Lobo e Dudu Sandroni. A VII Mostra de Teatro da UFRJ vai até dia 16 de dezembro e conta com, além de debates, com as peças dirigidas pelos formandos de 2007. São 11 espetáculos com mais de uma apresentação. Confira a programação no site da ECO (www.eco.ufrj.br).