O curso de extensão Educação e a Sociedade Brasileira Contemporânea encerrou suas atividades, na última segunda-feira (30). O físico do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas, José Abdala Helayel; e o sociólogo e professor do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), André Botelho, debateram as políticas educacionais inclusivas na sociedade contemporânea.
José Helayel leciona, há mais de dez anos, em pré-vestibulares comunitários. Segundo ele, o perfil dos alunos é de pessoas deixaram a escola muito cedo e estão distantes dos livros há anos. Na turma em que ele ensina Física atualmente, foi decidido que as aulas serão dadas uma vez por semana, pois os estudantes não têm dinheiro para irem ao cursinho duas vezes neste período. Diante desta realidade, o professor ainda se convive com o que ele chama de ausência da Ciência na cultura do país.
Para Helayel, no processo de discussão da inclusão tecnológica, deve-se inserir a inclusão científica. “A partir da Ciência básica que a tecnologia acontece acidentalmente. Foi assim com a energia elétrica e nuclear. Não se pode permitir que a Física, a Química e a Matemática continuem sendo um fantasma para os alunos”, criticou o professor que acredita que enquanto a Educação continuar a prezar o conteúdo em detrimento do contexto, essas ciências continuarão a amedontrar estudantes. “A inclusão social pode ser feita usando a ciência. É possível acariciar as pessoas através da Física. Tudo é possível desde que percebam o papel da Ciência na organização da vida”, comentou.
André Botelho, sociólogo do IFCS, disse que a Ciência deve estar incluída na sociedade brasileira contemporânea tanto como o carnaval é. Citando o físico José Leite Lopes, André afirmou ser essa não-inclusão um dos principais obstáculos do desenvolvimento científico-tecnológico do país. “As pesquisas universitárias são pouco se não inseridas no contexto social”, comentou o sociólogo.
A importância da Semana de Ciência e Tecnologia, realizada anualmente em todo território nacional, foi exaltada pelos palestrantes como eficaz meio de inclusão. “A semana populariza a dúvida, a pesquisa. É democrática e está a disposição dos brasileiros, criando fascínio pela Ciência”, falou Helayel.
O curso de extensão Educação e a Sociedade Brasileira Contemporânea realizou 11 encontros, durante dois meses. “Foi um curso muito produtivo, pois os temas abordados se conectavam muito bem, os alunos que se inscreveram compareceram e contribuíram bastante com o desenvolvimento das aulas”, balanceou Fernanda Piccolo, coordenadora do curso. Segundo ela, a parceria entre a Faculdade de Educação e o Fórum de Ciência e Cultura pode se repetir em 2008 para a promoção de outro curso semelhante.