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Ciclo Gandhi de Reflexão

 O Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência (NETCCON), da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (ECO/UFRJ), organizou o 2° Ciclo Gandhi de Reflexão, realizado na quarta-feira, 10 de Outubro, no Salão Moniz de Aragão do Fórum de Ciência e Cultura (FCC). O objetivo é a reflexão a respeito das práticas de relações interpessoais, baseadas na não-violência e no diálogo, tomando como inspiração o pensamento gandhiano. Para desenvolver o assunto, foram convidados Evandro Vieira Ourives, Rubens Turci, Priscila Kuperman, Estelita de Ouriques e Cristina Rêgo Monteiro da Luz, todos pesquisadores do NETCCON.

O diálogo inicial ocorreu entre os palestrantes Rubens Turci e Priscila Kuperman. O primeiro dissertou a respeito do livro de cabeceira de Gandhi, o “Bhagavad Gita” (no Brasil, traduzido como “A canção do Senhor”), um texto religioso Hindu, que serviu de manual para o ativismo gandhiano. Segundo o pesquisador, a filosofia desta renomada personalidade indiana teve como pilares a pregação da não-violência e a “satyágraha” — palavra que remete ao ato de permanecer ao lado da verdade, interpretada também como a força do espírito. Martin Luther King, um dos principais líderes do movimento americano pelos direitos civis e defensor da resistência não violenta contra a opressão racial, adaptou a “satyágraba” como o amor em ação.

O compromisso com o que é verdadeiro, cujo efeito determina a não submissão das pessoas perante dogmas ou leis que transgridam o direito humano, segundo Rubens, compõe a espinha dorsal dos grandes movimentos pacifistas contemporâneos. “Satyágraba” condiz com ensinamentos transmitidos em “Bhagavad Gita” de que é necessário fazer emergir a coragem de lutar por causas justas, deixando de lado sentimentos negativos, de vingança, e confiando em uma bússola interior que indica qual o caminho da verdade no momento de tomar decisões.

Priscila Kuperman prosseguiu a discussão comparando o sujeito gandhiano com o dragão verde — inspirado no livro de Brian Swimme, “O universo é um dragão verde”. Nesta obra, a pesquisadora explica, o universo é caracterizado como algo mítico e poderoso, que se transforma vigorosamente, envolto no mistério. É vivo, por isso é verde, e é dragão, devido ao fogo interior que o preenche. Este animal mitológico é conhecido por incitar nos humanos as mais profundas esferas da sabedoria. O fogo, por sua vez, é um elemento que pode se manifestar tanto para a devastação quanto para a criação. Assim como o fogo interior da Terra, também a força interior dos homens pode ser canalizada para o vigor. É inerente a ambos uma erupção potencialmente destruidora, mas que pode se converter em chama criativa, a luz que aquece e faz evoluir a sabedoria.

O debate prosseguiu com os demais convidados até o final da tarde. Além disso, foram exibidos dois documentários que demonstram a força de movimentos pacifistas de reivindicação social, e as pessoas presentes na palestra puderam praticar exercícios de meditação.