Categorias
Memória

Trote bom é trote solidário

 Tinta, pedir dinheiro, brincadeiras, vexames. O trote é o famoso ritual que simboliza a passagem da vida escolar para a universitária. Desde a Idade Média, o trote é uma demonstração de superioridade dos veteranos em relação aos novos estudantes – os calouros – através de humilhações. Mas, a realidade deste ritual está se transformando. O número de faculdades adeptas ao trote solidário aumenta a cada semestre. Na UFRJ, ambos os tipos de recepção podem ser encontrados no início dos períodos.

Diante desta oposição entre as diferentes formas de trote e suas percepções pelos alunos, as estudantes do Instituto de Psicologia, Luísa Motta e Flávia Lisboa desenvolveram uma pesquisa de opinião entre alunos do Instituto de Psicologia (IP) e a Escola de Comunicação da UFRJ, duas unidades conhecidas por promoverem trote solidário e tradicional, respectivamente. O resultado da pesquisa, que contou também com a participação das alunas Débora Petersen e Mariana Gouvêa, foi apresentado na Jornada de Iniciação Científica 2007.

– O IP procura estimular a integração entre os alunos e ações sociais, incentivando a doação de brinquedos, roupas e de sangue -, relatou Luísa Motta a rotina da recepção dos calouros na Psicologia, citando ainda que há também algumas brincadeiras, como a pintura dos novos estudantes, “já na ECO, o trote não é solidário”. Apesar de haver algumas atividades para integrar os alunos, há as tradicionais brincadeiras, que segundo as alunas, são humilhantes e machistas.

Com base na constatação do perfil da recepção de cada unidade, as estudantes fizeram uma pesquisa de opinião com 100 alunos, 50 de cada faculdade e todos de ambos os sexos. Cada entrevistado tinha que avaliar o trote de sua unidade. Esperava-se que os estudantes de Psicologia estivessem mais satisfeitos com seu trote do que os de Comunicação. O resultado correspondeu às expectativas.

– Está surgindo uma nova modalidade de trote e percebemos que os alunos estão favoráveis a isso -, concluiu Flávia Lisboa que tem a esperança de que esta tendência se concretize e que a recepção dos calouros integre diversão e solidariedade.