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Memória

Audiência Pública sobre o programa de reforma da UFRJ

 Foto: Agência UFRJ de Notícias
  

Alcino Ferreira Neto, decano do CCJE; Marcelo Corrêa e
Castro, decano do CFCH; Aloisio Teixeira, reitor da UFRJ;
e Sylvia Vargas, vice-reitora compareceram à última Audiência
Pública sobre o PRE

Aconteceu nessa última sexta-feira, 28 de setembro, a Audiência Pública relacionada ao Programa de Reestruturação e Expansão da Universidade Federal do Rio de Janeiro – PRE/UFRJ. A mesa de debates, presidida pelo reitor da UFRJ Aloisio Teixeira, foi formada por Alcino Ferreira Neto, decano do Centro de Ciências Jurídicas e Econômicas da UFRJ – CCJE; por Marcelo Corrêa e Castro, decano do Centro de Filosofia Ciências Humanas – CFCH; e por Sylvia Vargas, vice-reitora da UFRJ.

O evento contou com grande presença de público, que se manifestou abertamente sobre o andamento do programa de expansão, as vantagens e as desvantagens desse novo comprometimento de verbas públicas, a respeito da mudança dos campi da Praia Vermelha e do Centro para a Ilha do Fundão e se realmente a UFRJ deveria acatar o Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais – REUNI.

Na opinião de, Marcos Jardim, diretor do Instituto de Psicologia, a UFRJ não tem competência no momento para discutir a reorganização espacial. Segundo ele, é incoerente que haja expansão de pólos tecnológicos da UFRJ para outros municípios; como Magé, por exemplo; e que se justifique a união de cursos no Fundão como uma espécie de integração espacial universal. Jardim observou que realmente há setores separados dos campi desnecessariamente; como a Casa da Ciência, por exemplo, que de acordo com o diretor deveria unir-se ao campus da Praia Vermelha, tendo em vista a proximidade espacial de ambos. Marcos Jardim ressaltou que a Universidade Estadual do Rio de Janeiro – UERJ funciona em um só complexo de prédios vizinhos e nem por isso funciona bem. Em contrapartida, a Universidade de Sorbone em Paris é totalmente fragmentada e possui um dos melhores sistemas de ensino, pesquisa e extensão do mundo: "É ilusão achar que integração se dá de modo espacial. Se fosse assim os nossos institutos não teriam se mantido por tanto tempo", disse Marcos Jardim.

Roberto Leher, professor da Faculdade de Educação e diretor do Andes – Sindicato Nacional, crê que não há um consenso a respeito do decreto do REUNI entre os membros da comunidade acadêmica e que os pressupostos do mesmo devem ser discutidos. A questão, segundo o professor, é como a UFRJ vai passar a apresentar um contingente  90% dos alunos que ingressam nas faculdades formados no prazo de cinco anos, assim como está especificado no decreto. O REUNI também prevê o aumento de cerca de 4 mil vagas nas universidades sem contratação de pessoal, que de acordo com Roberto Leher, resultará em uma relação professor-aluno de 1 para 18, respectivamente. A propósito dos novo sistema de ciclos básicos interdisciplinares sugeridos pelo decreto, o diretor afirmou que existirão dois níveis de cursos nas universidades federais: um com duração de três anos e outro semelhante a atual graduação: "É isso que nós queremos financiar, ‘escolões’ de três anos para o cidadão, que devia ter direito a um curso de qualidade, se formar em generalidades?", lamentou Roberto.

Já os estudantes membros do Comitê de Luta contra a Reforma Universitária – CONLUTE acreditam que é um grande problema a reitoria da UFRJ tentar separar a política pública de governo da política educacional. Segundo os universitários REUNI não acrescerá mais do que 2 bilhões de reais à verba que já é destinada às universidades enquanto a Desvinculação de Receitas da União – DRU retira das instituições de responsabilidade social cerca de 5 bilhões de reais. Os alunos também demonstraram revolta quanto ao Programa Universidade Para Todos – PROUNI do Governo Federal, que é vinculado à universidades particulares: "Queremos saber porque o governo investe bilhões na Universidade Estácio de Sá ao invés de financiar a educação pública no país!".

Dentre outras reivindicações que surgiram durante o debate, a solução de problemas administrativos internos de cursos foi encarada como anterior a qualquer outro projeto de melhoria que seja feito na UFRJ. Segundo os prenunciadores, independentemente da mudança de campus ou da permanência dos cursos em suas localidades originas, logística organizacional deve ser o primeiro passo para uma real mudança na universidade: “Não adianta unir os cursos em um mesmo espaço e continuar com a bagunça que assola as seções de ensino de inúmeras faculdades”, destacaram.