Categorias
Memória

Semana de Microbiologia revela segredos da Antártica

Com o apoio do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG), a XIII Semana de Microbiologia e Imunologia, realizada por alunos do curso de Ciências Biológicas, foi aberta na última quarta-feira, dia 24 de setembro, com a palestra “Conhecendo a comunidade bacteriana na Antártica”, ministrada por Alexandre Soares Rosado, professor do IMPPG.

— Por incrível que pareça, quase nada existe de documento sobre a microbiologia da Antártica. Pouquíssimos trabalhos são encontrados —, comenta Alexandre que coletou com seu grupo, por exemplo, durante o verão antártico, bactérias presentes em espécies de gramíneas locais. Segundo o professor, a Antártica é um continente essencialmente microbiano, mas, apesar disso, esse assunto desperta o menor dos interesses das equipes instaladas nas estações.

A temperatura é um fator importante para a divisão de bactérias, conforme explica o professor. Segundo ele, considerando-se todo o planeta, a média é estar abaixo dos cinco graus Celsius. “Basta pensarmos em áreas como as zonas abissais nos oceanos, as polares ou os picos das montanhas, juntos estes lugares representam uma boa parcela do globo.”

Para o professor, isso explica a expressiva quantidade de organismos psicrofílicos e psicrotolerantes. Respectivamente, esses termos se referem a bactérias muito adaptadas ao frio e melhor reprodutoras nessas condições; e àquelas capazes de sobreviver em baixas temperaturas.

Alexandre Rosado considera a Antártica um lugar ideal para estudar microorganismos. “No que diz respeito ao estudo de endemismo, analisa-se espécies que só ocorrem em um lugar, a Antártica é o melhor deles”. Segundo o professor, quando se começa a catalogar bactérias e protozoários aparentemente existentes só nesse continente, esse assunto passa a ganhar uma atenção especial.

A Antártica oferece uma diversidade microbiana bastante representativa. O professor explica que os estudos na região estão ajudando a entender melhor os padrões de funcionamento dessa diversidade, de uma maneira mais clara. Além de tudo, já existe uma demanda significativa na economia para essas descobertas. “Existe um potencial muito grande de novos produtos que funcionam com base nesses microorganismos”. Para o professor, o Brasil está atrasado nesse ponto. Inglaterra, Japão e EUA já utilizam, por exemplo, microorganismos antárticos na produção de cosméticos.

O professor comenta que o trabalho é caro e ressalta que é necessário retransmitir esses dados à comunidade científica. “Se eu tenho a oportunidade de estar na Antártica, posso coletar para mim e para todo mundo”, afirmou. Alexandre retorna à Antártica em janeiro próximo, para dar prosseguimento aos estudos.

A XIII Semana de Microbiologia e Imunologia contou ainda com mais dois dias de atividades, incluindo mini-cursos voltados especialmente para alunos do Ensino Médio, uma proposta da organização de apresentar um pouco do conteúdo aos futuros universitários. O evento se encerra dia 28, com a apresentação de trabalhos acadêmicos