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Comunicação da Ciência

  

Luiz Alberto argumenta a importância de tornar a infor-
mação da ciência acessível para o público.

Com o objetivo de pautar tópicos científicos, a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e a Escola de Comunicação (ECO/UFRJ) organizaram o Ecos da Ciência. O ciclo de palestras foi inaugurado no dia 17 de setembro, com o tema “Panorama de Divulgação Científica”, e se estende até 10 de dezembro, com a discussão de “Comunicação, ciência e futuro”. Neste período, mais 11 palestrantes convidados irão expor questões envolvendo o mundo científico com o da comunicação social, sempre às segundas-feiras, a partir de 14h, no auditório da Central de Produção Multimídia (CPM), no campus da Praia Vermelha (Av. Pasteur, 250). No dia 24 de setembro, o tema lançado foi “A ciência explicada aos pedestres: a comunicação da ciência para o entendimento público”, com as palavras de Luiz Alberto Oliveira, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

O pesquisador declara que os enunciados da ciência são e devem ser substuíveis, já que é um estudo que se caracteriza por ser acumulativo, portanto, fadado a ter declarações desmentidas e superadas conforme a evolução das análises de um objeto ou fenômeno. “Não cabe à ciência lançar ao mundo verdades finais, dogmas. Ela deve ser uma forma de diálogo metódico e empírico com a natureza. Assim definiu Descartes, o último filósofo cientista da história”, declara Luiz Alberto. Com o tempo, recaiu sobre a ciência a tarefa de fornecer imagens de mundo, porém, o pesquisador considera indispensável a consciência de que estas imagens são continuamente renováveis.

O palestrante destaca três momentos de idéias. O primeiro, quando a crença dominante era a de que o todo e suas partes eram regidos pelas mesmas leis, desde o átomo até a amplitude do universo. O segundo, quando se apostava que o todo caminhava no sentido de uma evolução e era, portanto, histórico. E o último, caracterizando a revolução nos séculos XX e XXI, que fala da dobra, ou seja, do enriquecimento dimensional causado por pequenas variações que podem vir a causar grandes transformações. É nesta etapa que se desenvolve gradativamente as especificidades, ou seja, os fenômenos cada vez mais particularizados, observados em seus detalhes, focalizados.

Luiz Alberto afirma que do instante em que a ciência é posta como o principal instrumento de intervenção no meio natural predomina na sociedade um entusiasmo excessivo com as possibilidades de conquistas mediante o manuseio das técnicas. Com o tempo, porém, o entusiasmo foi se convertendo em temor. Se antes a receptividade seria positiva para carros movidos a energia nuclear, hoje se percebe os riscos desta invenção. Para toda nova tecnologia são pesados os perigos inerentes à sua aplicação no mundo cotidiano. Pensa-se no meio ambiente por todos os prejuízos que já lhe foram causados.

A mensagem final do palestrante foi a respeito da relação entre a comunidade científica e os profissionais da comunicação social. “Há ainda muito preconceito. Jornalistas em geral não se prestam a tentar compreender a linguagem da ciência como se ela fosse completamente inacessível. Porém, se é possível que um jornalista se especialize nos jargões específicos da economia, que são também complicados, o mesmo pode ser feito para a ciência. É preciso romper com a concepção dos operadores de mídia de que o âmbito científico não pode ser apreendido. Um jornal da ciência é essencial não apenas para divulgar os resultados práticos de novas descobertas em experiências laboratoriais e outros estudos, bem como para passar para o público também o processo de construção destes resultados”, argumenta Luiz Alberto, complementando que a mídia é o caminho mais próximo para transmitir conhecimentos científicos de forma acessível para a população.