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Especialista relaciona Avaliação Dinâmica à deficiência cognitiva

 O Instituto de Psicologia da UFRJ – IP, promoveu nessa terça-feira, 4 de setembro, o I Seminário Psicologia e Deficiência: possíveis interfaces, com parceria do Núcleo de Desenvolvimento de Potencial Cognitivo – NDPC e patrocínio do Banco do Brasil.

O painel de abertura do evento foi composto por Teresa Pereira e Elizabeth Schenker, psicopedagogas do NDPC; por Ana Cristina Cunha, professora e orientadora do Projeto de Pesquisa em Educação Cognitiva do IP/UFRJ; e pela conceituada psicóloga educacional Carol Lidz, da Vanderbilt University – Philadelphia (USA).

Ana Cristina afirmou que a idéia para o tema do seminário surgiu do evidente progresso na aplicação da avaliação de pesquisa e na abordagem da educação mediada com crianças que apresentam dificuldades de aprendizagem: “Nosso grupo de estudos está fazendo, inclusive, uma parceria com a Coordenação de Educação Especial da prefeitura de Duque de Caxias, visando aprofundar o projeto de pesquisa e auxiliar a população do município”, declarou a orientadora.

Segundo Teresa Pereira, o NPDC possui o título de Centro Líder Autorizado em Formação e Atendimento, oficializado pelo International Center for the Enhancement of Learning Potential (ICELP) – Israel . O núcleo comemora 11 anos de existência e é  basicamente constituído por profissionais de Psicologia e Psicopedagogia. O NDPC conta, atualmente com três focos em sua logística: o Científico, que procura elaborar e introduzir materiais técnicos dentro da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, do psicólogo Reuven Feuerstein — o Atendimento, voltado para sujeitos que desejam se desenvolver (não necessariamente para indivíduos com alguma deficiência cognitiva) — e os Cursos, que formam novos aplicadores, dentro da proposta de Feuerstein, com o Programa de Enriquecimento Instrumental – PEI]. “Muitos professores de conteúdo, que já têm uma formação, estão associando o PEI aos seus conhecimentos, o que mostrou timos resultados dentro da grade curricular da escola”, afirmou Teresa.

A conferência “Avaliação dinâmica no contexto da intervenção psicológica junto às pessoas com deficiência”, foi ministrada por Carol Lidz, que expôs sua metodologia de trabalho na área escolar, o Dynamic Assessment – DA (Avaliação Dinâmica).

— O DA (ou AD, no Brasil) foi principalmente desenvolvido para crianças pequenas que possuam dificuldades de aprendizagem e fixação de conceitos. Esse método é baseado nas teorias dos psicólogos Lev Vygotsky e Reuven  Feuerstein, em que o primeiro buscava uma forma de mediação do processo cognitivo para alcance da zona de desenvolvimento proximal – a distância entre o nível de desenvolvimento real (autônomo) e o nível de desenvolvimento potencial (através de auxílio) – do aluno. — explicou Carol

Segundo a psicóloga, o DA é apenas parte de um procedimento mais amplo, que se resume a um processo psicoeducacional de coleta de dados, não é necessariamente um teste: “A intenção dessa avaliação é ajudar os pais e professores que tenham contato com crianças que apresentam uma deficiência cognitiva”, declarou Lidz. A palestrante lembrou que o DA é um instrumento que não pode ser aplicado para qualquer caso: “Basicamente, eu analiso os histórico e currículo da criança, entrevisto todos os envolvidos, desenvolvo a avaliação a partir das informações que reuni sobre o indivíduo, então gero e recomendo um plano de auxílio ao avaliado e – o mais difícil, porém importante – monitoro e julgo o que está funcionando, ou não, no plano que formulei”, enumerou Carol.

A parte mais importante do DA, segundo a psicóloga educacional, é o início, ou seja, se a avaliação começar bem o restante fluirá em uma seqüência lógica. A palestrante também ressaltou a necessidade da divisão do estudo de caso em partes, para que existam pausas para auto-avaliação da pertinência e eficácia do DA. “Aquilo que os envolvidos querem saber deve ser sempre priorizado para a formulação da avaliação, e claro, o relatório (parcial ou final) deve ser redigido para que os professores e pais não precisem de PhD para compreender”, brincou Lidz.

Um ponto crucial da aplicação da avaliação, de acordo com Carol, é estabelecer que espécie de obstáculos impedem o desenvolvimento do aluno e a extensão da dificuldade do problema. Essa determinação tem relação direta com a atuação do profissional: “O avaliador é parte do DA, porém não precisa estar certo todo o tempo”, afirmou

Para a psicóloga, o objetivo da avaliação é conseguir fazer com que o aluno alcance um nível mais elevado de autonomia: “Eu concordo com Vygostky quando disse que tanto a zona de desenvolvimento proximal quanto a de desenvolvimento real devem ser avaliadas, já que a melhora do aprendizado é o foco principal”, disse a palestrante.

Carol pontuou que para o processo de fundamentação do DA é essencial que haja um grande nível de interatividade entre o avaliador e o aluno; que seja um contato ativo e dinâmico, como o nome já diz; que seja participativo não só para com o aluno como também em relação ao envolvidos na avaliação: Deve-se tornar o avaliado um indivíduo mutável e flexível às respostas do DA”, declarou Carol Lidz.