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Novas tendências na metodologia econômica

O Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ) agendou para o segundo semestre de 2007 os “Seminários de Filosofia Econômica Antônio Maria da Silveira”. O primeiro dos encontros aconteceu na sexta-feira, 17 de Agosto, com o tema “A propósito de Antônio Maria: tendências recentes da metodologia econômica”, ministrado pela especialista convidada Ana Maria Bianchi, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP).

Ela apontou para as novas abordagens na literatura que visam propiciar um entendimento mais amplo da prática dos economistas e, assim, ajudar a recuperar elementos importantes desta atividade. Segundo ela, “são metodologias ligadas à história do pensamento, uma história intelectual para a análise da influência dos diversos autores. A intenção é retomar os fundamentos filosóficos, os pensadores e os fatores que conduziram seus raciocínios até as teorias que registraram”.

Das novas tendências metodológicas da área, a especialista explicitou a economia evolucionária, a economia de complexidade, a neuroeconomia e a economia comportamental. Esta última, mais detalhadamente, trata da influência do conhecimento e dos variados estados afetivos no julgamento e na tomada de decisão no campo econômico.

— É, em sua composição, uma crítica ao minimalismo psicológico na Teoria da Escolha de Savage, uma oposição à economia neoclássica de Jevons e Robins, ao behaviorismo, ao verificacionismo, ao operacionalismo. A economia comportamental une as ciências sociais com os estados afetivos e cognitivos — desenvolve Ana Maria.

Ela prossegue enumerando alguns dos precursores desta nova tendência. “Os institucionalistas, ao pensar as instituições em termos psicológicos; macroeconomistas como Keynes, ao discutir a ilusão monetária; e os economistas Simon e Katona, que estudaram as representações mentais, como os fatos do cotidiano repercutem na cabeça das pessoas, a exemplo do que ocorre com o desejo de consumir”.

A especialista enfatiza que a economia comportamental tem um caráter interdisciplinar, haja vista que envolve a psicologia, a neurociência e conceitos de inteligência artificial com o âmbito da economia. É uma tendência que “reflete as aplicações dos insights psicológicos na escolha econômica”, define.

Semelhante a isso, Ana Maria menciona a neuroeconomia, uma das novas tendências, que registra as bases neurológicas do comportamento econômico. “Este estudo, por exemplo, trata o papel do afeto no julgamento e na escolha. Tenta explicar, entre outras coisas, porque alguém é capaz de insistir em uma atitude destrutiva no calor do momento”, ilustra.

Os “Seminários de Filosofia Econômica Antônio Maria da Silveira” foram o caminho escolhido pelos docentes do IE para homenagear o professor Antônio Maria, defensor de causas econômico-políticas no Brasil, como foi a questão da renda mínima. As próximas palestras estão previstas para acontecer sempre às 11h, na sala 102 do Instituto de Economia, no campus da Praia Vermelha da UFRJ — Av. Pasteus, 250. Urca. Os próximos temas a serem expostos são:

13 de Setembro: “As Teorias do Mercado de Smith, Walras e Hayek sob uma perspectiva filosófica”, com Ângela Ganem, da Universidade Federal Fluminense (UFF).

19 de Outubro: “Evolucionismo e Dialética”, com Eleutério Prado, da FEA/USP.

23 de Novembro: “Filosofia e Teoria econômica – o que os filósofos da economia têm a dizer a respeito da teoria econômica”, com Maurício Coutinho, do Instituto de Economia da Unicamp.