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Professores debatem o destino da área contábil

Foi inaugurado, dia 17 de julho, o Fórum Estadual de Professores de Contabilidade no auditório Pedro Calmon da UFRJ, no Campus da Praia Vermelha. O evento foi uma realização da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis — FACC e do Conselho Regional de Contabilidade do Estado do Rio de Janeiro — CRC-RJ, com apoio do Conselho Federal de

 Fotos: Agência UFRJ de Notícias
 
 João de Oliveira, Antonio Fernande e José Ricardo dão
as boas vindas aos participantes

Contabilidade — CFC e patrocínio do Centro de Orientação Fiscal — CENOFISCO, Alterdata – tecnologia em informática e Prosoft – Gestão Integrada de Empresas Contábeis.

Durante a abertura oficial do evento, o presidente do CRC-RJ, Antonio Miguel Fernandes, comentou o objetivo qualitativo do fórum em relação ao ensino de Contabilidade: “Acreditamos que a nossa atividade aqui é a mais importante para que a profissão contábil, realmente, se firme pelos próximos anos no Rio de Janeiro e no Brasil”, disse. O presidente também avaliou a importância de se manter um conselho exclusivo para a área de Contabilidade: “A educação é o centro de tudo. Não ter de se preocupar com os objetivos básicos de um conselho, como a fiscalização do registro profissional, por exemplo, é sinal de que podemos investir mais na questão dos aprimoramentos da educação continuada e da área de pesquisa. Sem esse respaldo, a profissão se torna completamente despreparada para atender a sociedade”, afirmou Antonio.

José Ricardo Maia de Siqueira, Coordenador do Programa de Mestrado em Ciências Contábeis da UFRJ, falou sobre a proposta do evento: “O fórum visa discutir o ensino de Contabilidade hoje e analisar os rumos que esse curso pode tomar, evidenciando a preocupação com o desenvolvimento da pesquisa, já que a área de Contabilidade ainda está em consolidação”, afirmou. Segundo José Ricardo, o curso de Contabilidade não é sinônimo de Ciência Exata: “Nada mais inexato do que a Contabilidade. Hoje temos até um braço da área que produz relatórios e balanços sociais, que são altamente subjetivos. O fórum também visa livrar a Contabilidade desse estigma”, disse o coordenador.

O Coordenador e Professor do Programa de Mestrado da UERJ e Conselheiro do CRC-RJ, Josir Simeone Gomes, iniciou a maratona de palestras ressaltando “O uso do Estudo de Casos nas graduações em Ciências Contábeis”. O professor falou brevemente sobre o atraso das pesquisas na Contabilidade: “Ficamos muito tempo a reboque de outras áreas, não éramos sequer reconhecidos, sempre fomos sub-área de Administração. Depois de muita luta conseguimos chamar a atenção para a importância da Contabilidade, o que tem muito a contribuir para os programas de estudo e pesquisa”, desabafou.

Josir preocupou-se em defender o Método do Estudo de Caso, porém sem prejudicar qualquer outra metodologia: “Trata-se apenas de uma alternativa para tornar o ambiente da sala de aula mais dinâmico e fomentar a participação dos alunos”, explicou. Segundo o coordenador, o Estudo de Caso também serve como contestação de teorias tradicionalmente indicadas no âmbito acadêmico como absolutas, que podem ser reformuladas pela própria análise dos alunos de graduação.

A abordagem do sistema educacional também foi colocada em pauta por Josir, que afirmou haver duas vertentes: a aula centrada no professor e a aula focada no aluno. Através de pesquisas, Simeone constatou certa manutenção do modelo centrado no docente: “Não acrescenta em nada ao aprendizado do aluno, que o professor fique dando teoria e respostas para o que nem foi questionado. Assim, ele está anulando a capacidade analítica do aluno”, disse. Para o conselheiro, o Método do Estudo de Caso é fundamental para desenvolver o raciocínio próprio do graduando e testá-lo diante de situações potencialmente reais, podendo até facilitar a compreensão deste às teorias do curso.

Josir está certo de que o maior objetivo do Estudo de Caso é estimular o relacionamento interpessoal dos futuros contadores, já que estes devem aprender a trabalhar em equipe, somados ao desenvolvimento da criatividade, que carreará a Contabilidade para avanços mais produtivos e possibilidade de ocupações em cargos de chefia. Assim como José Ricardo, Simeone defendeu a polivalência da profissão contábil: “Os contadores não podem achar que o quê aprenderam no curso de Contabilidade basta para o sucesso. Deve-se conhecer e estudar sociologia, antropologia, entre outras, para realizar um papel melhor na sociedade”, afirmou. O professor  acha que a deficiência do Brasil na produção de casos para serem estudados ainda é muito evidente: “Atualmente copia-se casos estrangeiros para a realização do método, mas investir no planejamento de uma Central de Criação de Casos brasileira é um fator de suma importância. Seria a forma mais realista do aluno aprender com a prática e a visitação às empresas analisadas”, defendeu o professor.

 

Josir Simeone abre o evento com a primeira palestra

O Fórum Estadual de Professores de Contabilidade realiza sua segunda etapa nessa terça-feira, 18 de julho, a partir das 9h30, no Salão Pedro Calmon — Av. Pasteur, 250 / 2º andar, Praia Vermelha. Temas como “Qualidade nos cursos de Ciências Contábeis”, “Meio Ambiente, Sociedade e a formação do Contador” e “O CRC e seu papel social” serão abordados no último dia de palestras. Às 15h, haverá uma Mesa Redonda sobre “A Ética na Contabilidade”. A entrada é franca.