Mobilização Política Hoje foi o tema do debate do dia 15 de junho na Escola de Serviço Social (ESS/UFRJ). O evento coordenado pela professora doutora Sára Nigri faz parte do ciclo de palestras “Interlocuções: Serviço Social e Cultura”, promovido pela Escola em homenagem aos seus 70 anos. Participaram da mesa a professora doutora Leilah Landim (ESS/UFRJ), o professor doutor Serafim Fortes Paz (Diretor da ESS/UFF) e Aercio de Oliveira (movimento social Baixada Fluminense).
Segundo a coordenadora da mesa, os palestrantes foram escolhidos justamente com o intuito de unir as duas dimensões do movimento político, a questão teórica e a esfera prática: Leilah Landim, doutora em antropologia, talvez seja a maior autoridade acadêmica no Brasil no que diz respeito a movimentos políticos, Aercio é militante e o professor Serafim reúne os dois aspectos, já que além de teórico, envolveu-se com a militância durante suas pesquisas e hoje participa do movimento social do idoso – apontou Sára.
Um dos objetivos do encontro da última sexta-feira, assim como das outras palestras do ciclo Interlocuções, é divulgar um pouco do trabalho desenvolvido pelos professores da pós-graduação da Escola. O Núcleo de Pesquisas Associações, Solidariedade e Política (NASP) é o projeto de extensão que pesquisa a Mobilização Política Hoje, trabalhando com um olhar privilegiado sobre a chamada sociedade civil, analisando o trabalho de Organizações Não Governamentais (ONGs) e os processos de Responsabilidade Social Empresarial, entre outras coisas.
A nomeação “mobilização” ao invés de “movimento” foi escolhida para diluir o peso dessa palavra. Desse modo, a professora Leilah propõe que tomemos como objeto de estudo as ações coletivas que acontecem no plano da sociedade (de reivindicação, revolta, etc.), com maior ou menor participação do governo, mas que, de alguma forma, exerçam influência no campo de forças, campo político da sociedade.
Segundo Leilah, diante da retração política atual, há certo saudosismo da movimentação de outras épocas, seja a dos anos 60, que explode com Maio de 68 ou a respeito da luta pela democracia dos anos 80 que inclui a campanha “Diretas Já”. Seu discurso foi, por tanto, tentativa de lançar algumas questões sobre a movimentação política na cena contemporânea, seus novos formatos e aspectos. “Nós vivemos um momento histórico, a crise da sociedade de bem estar social também trabalha para reconfigurar a sociedade – diz ela a fim de mostrar o horizonte com o qual se depara na pesquisa – O desafio é perceber para onde vão esses caminhos de movimentos e mobilizações sociais”.
Criticando a postura da sociedade brasileira de sempre se voltar para o Estado ou para a caridade como agente das políticas sociais, o NASP se pergunta o que quer dizer o aumento das ONGs, por exemplo, ou dos movimentos em rede, o que motiva os apoiadores desses projetos e até mesmo seus sonhos através de pesquisas qualitativas.
Para Aercio de Oliveira é importante a aproximação entre o que acontece na academia e no mundo real da militância até para que os próprios militantes possam saber com mais clareza, através do contato com a teoria, de sua condição a partir de um olhar diferenciado. “O termo crise do movimento político é ruim, o que acontece é uma grande reconfiguração”, acrescenta ele ao discurso da professora Leilah.
A fala do professor Serafim antecedeu o debate com a participação dos alunos da Escola de Serviço Social e militantes de movimentos políticos, e encerrou a palestra tratando da sobre a questão da representabilidade e legitimidade, ao citar a novidade dos espaços públicos para discussões políticas, como os fóruns e conselhos surgidos nos últimos anos, e explicou um pouco sua tese de doutorado “Tramas, Cenas e Dramas”, que aborda a questão do movimento social do idoso.