Todos costumam associar o envelhecimento a diversas alterações físicas e emocionais que afetam a saúde, como osteoporose, diabetes, diminuição do convívio social e até depressão. O que poucas pessoas sabem, no entanto, é que o desencadeamento de uma série de doenças no idoso pode significar algo maior, caracterizado como a Síndrome da Fragilidade. Esta expressão surgiu no início da década de 90, quando se notou que idosos com fragilidades específicas apresentavam alta taxa de mortalidade.
Segundo a professora Cláudia de Abreu Costa, do Serviço de Geriatria do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, os idosos com esta síndrome costumam morrer em um período de cinco anos, desde a manifestação dos primeiros sintomas. "Trata-se de uma espiral, em que as doenças vão se acumulando aos poucos, até resultar na morte."
Os sintomas desta síndrome são inúmeros como osteoporose, baixo peso, baixa ingestão de proteínas e calorias, baixa performance para atividades físicas, diminuição da imunidade e perda de massa muscular e óssea. Além disso, existem também as alterações emocionais e cognitivas, como problemas de memória, isolamento social e depressão. "O sintoma físico mais característico desta síndrome é a sarcopenia, o que caracterizamos como a perda de massa muscular", explica a professora.
Caso o idoso apresente estas doenças, deve buscar ajuda médica. Cláudia Abreu afirma que "o melhor tratamento para a síndrome é a prática de atividades físicas, principalmente aquelas que envolvem exercícios com carga, como musculação". Diversos tratamentos com hormônios, como testosterona e o GH (hormônio do crescimento), além de uma alimentação balanceada já foram testados, mas nenhum apresentou resultados tão eficazes quanto a musculação.
Ainda que seja mais comum a manifestação da síndrome em idosos, nada impede que pessoas mais jovens desenvolvam o problema. "Apesar de não ser comum, existem casos de indivíduos abaixo de 80 anos que foram acometidos pela síndrome", explica a professora. Estes casos são isolados, porque o desencadeamento da síndrome é facilitado por grandes alterações neurológicas e hormonais, decorrentes do envelhecimento.
Existem, também, manifestações da síndrome em mulheres na pós-menopausa, que costumam ter entre 55 e 60 anos. "A menopausa provoca uma série de alterações hormonais, que também podem culminar na síndrome. Porém, esses casos também são pouco freqüentes", atesta a professora.
Algumas características do homem jovem podem predispor a síndrome, como doenças cardíacas, pulmonares, e o descondicionamento físico durante a vida. Cláudia explica que a melhor forma de prevenção é o exercício físico. "O ideal é que, desde jovem, a pessoa se preocupe em ganhar massa muscular, fazendo atividades aeróbicas, como caminhada e natação, e anaeróbicas, como musculação e pilates, além de esportes coletivos, que costumam agradar bastante os jovens. O sedentarismo e a obesidade precisam ser combatidos, especialmente na infância e adolescência, que é quando se tem maior ganho de massa óssea durante toda a vida", explica a professora.
O Hospital Universitário oferece tratamento para os idosos com a Síndrome da Fragilidade. O "Grupo dos Idosos Frágeis" se reúne todas as terças e quintas-feiras, às 8h, no segundo andar do prédio, dentro do Serviço de Medicina Física. Lá, eles se reúnem e praticam musculação, além de compartilharem experiências e melhorarem o convívio social. Para mais informações, telefone para o Hospital Universitário, no número 2562-2010.
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