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Seqüenciado o genoma, é hora de avaliar funções

Após detecção das cadeias de proteínas, por meio do projeto Genoma, chegou a hora de analisar estas substâncias e suas funções.

 O sequenciamento de genomas é o primeiro passo para o entendimento da ciência que estuda os seres vivos e, conseqüentemente, para a compreensão das doenças a eles referentes. No entanto, apesar de os genes serem o lócus de depósito das informações genéticas, são as proteínas que comandam toda ação biológica dos organismos e que exercem as funções necessárias às células.

De acordo com o pesquisador Gilberto Domont, coordenador do Laboratório de Química de Proteínas do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio de Janeiro (IQ/UFRJ), “o DNA serve apenas para codificar o que a gente vai fazer. Quem faz tudo, na realidade, são as proteínas”. Então, já com certo domínio em relação à fase de mapeamento dos genes – com o conhecimento das proteínas que o homem fabrica – o grande desafio que se coloca aos cientistas e aos centros de pesquisa, agora, é a compreensão da atuação dessas substâncias, responsáveis, por exemplo, pelas funções mecânicas de sustentação (músculo), de regulação (hormônio), de defesa (anticorpos) e de catálise (enzimas), entre outras tantas.

Para trabalhar com tal questão, o laboratório do Instituto de Química utiliza técnicas modernas que permitem o estudo de centenas de proteínas ao mesmo tempo, diferentemente da época anterior, até meados da década de 80, quando se tinha que isolar as substâncias e estudá-las separadamente, uma por uma.

De acordo com Domont, a vantagem de estudar o proteoma – conjunto de proteínas relativas a um genoma, em determinadas condições de tempo, espaço, estado patológico e estímulos externos – decorre do melhor entendimento sobre como a célula está funcionando: “eu posso ver, ao mesmo tempo, centenas de proteínas que uma célula expressa, comparando-as com as de outras células e estabelecendo relações”.

No entanto, o grande diferencial da proteômica, conjunto de técnicas desenvolvidas para analisar as proteínas em larga escala, consiste em comparar uma célula normal a outra doente, e então detectar as diferenças. Neste trabalho, os pesquisadores podem chegar às substâncias indicativas da patologia.

Quando eles descobrem as moléculas defeituosas, estabelece-se um biomarcador. “A idéia é essa: se eu encontrar determinada proteína, eu poderia diagnosticar que a pessoa está com uma doença. Isso seria válido para problemas que se estendem de câncer a Alzheimer”, explica Gilberto.

Detectando as substâncias defeituosas, por meio de testes como substituição delas pelas proteínas nativas, aumento das proteínas que causam disfunção ou até mesmo seu bloqueio, as pesquisas podem resultar em melhorias para o portador da doença, no que se refere a um tratamento mais pontual, com a utilização de drogas específicas.

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