Categorias
Memória

A pós-modernidade sobre a balança

Direito e Literatura uniram-se no segundo dia do evento "Pós-modernismo, a indiferença e a barbárie", promovido pela Faculdade de Letras da UFRJ. O professor de literatura da UFRJ, Andreas Lombardi, chegou a dizer que, em diversos momentos da história, poetas e juristas estiveram juntos na busca de alternativas, citando os sofistas da antiga grécia, expulsos da cidade por Platão, e que eram advogados.

Direito e Literatura uniram-se no segundo dia do evento "Pós-modernismo, a indiferença e a barbárie", promovido pela Faculdade de Letras da UFRJ. O professor de literatura da UFRJ, Andreas Lombardi, chegou a dizer que, em diversos momentos da história, poetas e juristas estiveram juntos na busca de alternativas, citando os sofistas da antiga grécia, expulsos da cidade por Platão, e que eram advogados. "Livros e filmes pareceram servir como oráculos sobre os tempos atuais. Hoje, como em Blade Runner, o bem e o mal; o autêntico e o artificial estão confundidos", explicou o mestre em literatura italiana, frisando que há um fetichismo da informação sobre o quanto de notícias pode se consumir e acumular.
 
A experiência polifônica do filósofo alemão, Walter Benjamim, descrita no ensaio "A doutrina das semelhanças" foi citado pela professora da PUC, Rosana Bines, para discorrer sobre o poder do pensamento e da palavra frente à barbárie. "A literatura, talvez, não seja páreo para dar conta da aspereza da realidade. Mas renovo meu pacto com ela todos os dias, seja no quarto, na sala com meus alunos ou com outros colegas", explicou Bines, ressaltando que se escuta a verdade no cruzar das vozes. Ela ainda contou que usou uma lenda africana sobre crianças feiticeiras para tentar apaziguar a série de interrogações feitas pelos seus próprios filhos sobre a morte do menino João Hélio.
 
A longa tradição da justiça do Estado frente à barbárie, foi lembrada pelo professor de Direito da UERJ, Juarez Tavares, que classificou as leis como instrumento pós-moderno de comunicação. "Além de frias, são na maioria das vezes simbólica. Como dizia Marx em sua análise sobre o 18 de Brumario de Luis Bonaparte, a história se repete de tragédia em farsa. O código de Hamurabi (3.500 A.C.), o mais antigo da humanidade, não era aplicado, o que vigorava era a relação contratual entre os grupos", comentou Juarez, afirmando que a atual sociedade de controle vem legitimando a devassa e a exposição da vida íntima dos seres humanos de modo monstruoso.