“Vivemos a tragédia de uma invasão anglo-americana, feita de forma unilateral e sem a aprovação da Organização das Nações Unidas (ONU)”, sentenciou o embaixador da Síria no Brasil, Ali Diab, nesta segunda à tarde (16/04), em sua palestra A Verdade sobre o Oriente Médio. Nas críticas à Guerra do Iraque, responsabilizou a atitude arrogante dos governantes, Bush e Blair, pelo conflito que já dura quatro anos. No evento, que reuniu professores e estudantes no auditório G-2 da Faculdade de Letras, destacou ainda os laços culturais entre o Brasil e as nações árabes. Após o a palestra, o diplomata, que também é professor de Letras, encontrou-se com o reitor Aloísio Teixeira sobre o estabelecimento de um convênio da UFRJ com a Universidade de Damasco. Nesta instituição, há um curso de Língua Portuguesa, baseado no método de ensino Português para falantes de árabe, recém-lançado e desenvolvido pelo Setor de Estudos Árabes da (FL/UFRJ).
“Conhecermos a língua um do outro torna-se fundamental para estabelecermos o diálogo e vencermos essa era de conflitos. Ambicionamos ampliar o intercâmbio entre a Síria e o Brasil, que apoiamos para o Conselho Permanente de Segurança da ONU por respeitar a autodeterminação dos povos e ser um exemplo de convivência entre diferentes etnias”, discursou o embaixador Ali, lembrando que, em sua terra natal, há uma “paixão anormal” pelo Brasil, principalmente por conta do futebol. Ele ainda ressaltou a atuação do governo brasileiro nos últimos tempos, classificando de “viagem histórica” a ida do presidente Lula, em 2003, ao Oriente Médio.
Outros conflitos
Sobre outro nervo de tensão da região, O embaixador Ali frisou que a Síria e os países árabes defendem a paz com o reconhecimento de ambos os Estados, Palestino e Israelense. Mas apontou como empecilho a negativa de Israel em recuar seus exércitos e cumprir a resolução de 1967 da ONU, que determina o limite de suas fronteiras.
Ainda de acordo com o embaixador, o governo Bush se arvora o direito de decidir unilateralmente sobre quem é terrorista ou não, o que complica mais a situação geopolítica do Oriente Médio. “Fomos os primeiros a condenar os ataques de 11 de setembro. Até porque a culpa não é do povo estadunidense, mas de sua administração. O que não podemos é confundir o direito dos povos defenderem seus territórios com terrorismo”.