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ECO recebe fotógrafos para debate

 

O setor de Extensão da Escola de Comunicação da UFRJ, juntamente com o professor Dante Gastaldoni, organizaram no auditório da CPM (ECO), dia 26 de abril, um debate sobre a importância da fotografia no processo de veiculação de informação pró-social. O evento está conectado a exposição de fotos da Galeria Vitrine da ECO, que, até o final de maio, expõe dois ensaios. O primeiro, realizado durante as eleições de 2004 por alunos de fotojornalismo, traz imagens da empolgada militância do povo brasileiro. Em contrapartida, o segundo, de Michelle Glória, apresenta fotos da apatia e descrença da sociedade em relação às eleições de 2006.

Milton Guran, que segundo professor Dante foi um dos poucos que conseguiu unir a fotografia de combate com os discursos acadêmicos, falou sobre as mudanças que a fotografia foi e é capaz de trazer. Segundo o fotógrafo, a pintura – o único objeto pictório durante anos – não necessariamente representava o mundo visível. A fotografia, porém, é fiel aquilo que se pretende mostrar.

Guron apresentou ainda sua posição sobre a função social da fotografia. Para ele, é importante pensar os tipos de imagens que hoje são veiculadas na mídia. “Existe uma grande parcela da população que só aparece na mídia quando há desgraça. Essa apresentação desse setor mais carente esgarça o fosso de preconceito entre classes”, avalia Milton.

João Roberto Ripper, fotógrafo conhecido por seu trabalho de denúncia social, projetou suas fotos sobre o trabalho escravo na Floresta Amazônica e nos carvoeiros. Para Ripper, as imagens devem buscar os valores das pessoas fotografadas.

– O trabalho de fotografia de hoje são nocivos à pobreza brasileira. Não se convive com as comunidades da favela. Não mostrar os valores de bem ali presentes, faz acreditar que só na classe alta que existem valores. Na favela também há beleza e solidariedade – defende João Ripper.

“Postes Humanos”

A fotógrafa Michelle Glória, também presente no evento, teve a oportunidade de delinear suas motivações para a produção do ensaio “Postos Humanos”, exposto na ECO até o final de maio. Seu trabalho, realizado nas eleições de 2006, capta a apatia política das pessoas que literalmente levantam a bandeira de candidatos.

Segundo Michelle, as pessoas que seguram os cartazes de políticos não tem qualquer ligação ideológica ao candidato a quem prestam serviços. Isso a fez conectá-las a verdadeiros “postes humanos”: corpos de uma sociedade que por uma questão de sobrevivência, anulam-se.