Começa, nesta segunda-feira, 2 de abril, a pesquisa eleitoral 2007 que indicará os próximos reitor e vice-reitor da UFRJ. Por três dias (2, 3 e 4 de abril), 45 seções eleitorais espalhadas pelas unidades da universidade receberão os votos da comunidade universitária. A consulta, apesar de não eleger efetivamente os novos dirigentes da instituição, é um avanço recente no caminho da consolidação da autonomia universitária.
Até 1985, quando Horácio de Macedo tomou posse como o primeiro reitor brasileiro eleito pela comunidade acadêmica, professores, alunos e funcionários técnicos-administrativos não tinham o direito de votar no candidato de sua preferência. Durante o período da Ditadura, por exemplo, as organizações políticas no interior da instituição foram intensamente reprimidas, o que não só impediu as mobilizações por eleições como também dificultou a realização de pleitos nessa época. Quando existiam, as pesquisas eleitorais limitavam-se a reproduzir os interesses do governo em questão:
– Os órgãos colegiados se reuniam e indicavam os candidatos; nós não participávamos dessa escolha. Quando havia eleições, até mesmo aquelas feitas para os departamentos e para a direção de unidades eram realizadas na base da ‘carta marcada’ – lembra Edwaldo Cafezeiro, professor da Faculdade de Letras (FL) e presidente da Comissão Coordenadora da Pesquisa Eleitoral de 2007.
O pleito de 2007, sétima pesquisa da qual a comunidade participa, traz a novidade da candidatura única. Pela primeira vez na história da UFRJ, apenas uma chapa, composta pelos professores Aloísio Teixeira e Sylvia Vargas, licenciados dos cargos de reitor e vice-reitor, respectivamente, para disputar a reeleição, está concorrendo à Reitoria. Para evitar o baixo quorum, a Comissão Coordenadora da Pesquisa Eleitoral despendeu grandes esforços na divulgação da consulta junto à comunidade acadêmica:
– Queremos transformar esse processo em algo grandioso, assim como o é a universidade. A nossa responsabilidade aumentou muito nesse ano. Estamos dando tudo de nós para que esse processo eleitoral seja o mais participativo possível – afirma Selene Maia, professora do Instituto de Matemática e integrante da Comissão Coordenadora.
Para Marcílio Araújo, membro da Coordenação Geral do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da UFRJ (Sintufrj), o ambiente pouco competitivo criado pela candidatura única não pode desmotivar a comunidade a participar da pesquisa: “As eleições dentro da universidade nos permite afastar um câncer, que é a indicação político-partidária tão comum nas instituições públicas. Nas universidades com eleição, elas são menos prováveis de acontecer. Esse é um avanço que devemos querer manter e, para isso, temos que prestigiar a consulta”, enfatiza.
Já os estudantes entendem o processo eleitoral como um momento no qual suas reivindicações ganham maior notoriedade. De acordo com Amanda Mendonça, do Diretório Central de Estudantes Mário Prata (DCE/UFRJ), o pleito permite que os discentes formulem pautas de discussão, com contribuições e propostas para a universidade: “Nós temos que ser ouvidos e precisamos de visibilidade diante da comunidade, nesse sentido, o processo eleitoral é de suma importância”, destaca.
Primeiro dia de votação
O primeiro dia da consulta transcorreu sem grandes atribulações na maior parte dos institutos da universidade. A Comissão Coordenadora da Pesquisa Eleitoral registrou apenas uma reclamação vinda dos estudantes do Centro de Ciências da Saúde (CCS), que criticaram a mudança na localização das seções eleitorais do Centro.
Encerrado o primeiro dia de votação, as urnas serão recolhidas e armazenadas em cofres no Núcleo de Computação Eletrônica (NCE). Amanhã, 3 de abril, cada uma das seções eleitorais receberá novas urnas para armazenar os votos dos membros da comunidade universitária que ainda não participaram do pleito 2007.