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Memória

Homenagens à Maria Lenk marcaram o sétimo dia de sua morte

  

Sete dias após a morte de Maria Lenk, a UFRJ homenageou a mulher que se destacou por sua coragem e determinação, tão incomuns ao gênero de sua época, como atleta e como participante fundamental na construção da Escola Nacional de Educação Física (Enef) da Universidade do Brasil. Parentes, amigos, ex-alunos e autoridades do esporte brasileiro como João Avelange e representantes do Comitê Olímpico Brasileiro, dedicaram a manhã do dia 24 à nadadora. A  cerimônia aconteceu na primeira piscina da escola, localizada inicialmente na Praia Vermelha, seguida da missa de sétimo dia, celebrada pelo Arcebispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Edson Homem, na capela de São Pedro de Alcântara do Forum de Ciência e Cultura (FCC).

Às 10 horas da manhã, alunos e professores de natação da Praia Vermelha interromperam suas atividades e fizeram um círculo em volta da primeira piscina da antiga Enef, onde jogaram pétalas de rosas, liderados por Sebastião Amoedo, professor da Escola de Comunicação. A professora da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ, Eliete Cardoso, participou da homenagem. Desde jovem, Eliete acompanhou a vida de Maria Lenk, sendo aluna da atleta e professora da Enef durante a gestão de Lenk como diretora. “Ela fez muito pelos desportos do nosso país, principalmente pelos aquáticos, tanto a natação como o nado sincronizado”,   disse   Eliete, revelando que Maria Lenk foi a primeira professora a fazer uma coreografia de nado sincronizado no Brasil. “Além disso, ela lutou intensamente pela criação da escola de Educação Física e pela mudança para a Ilha do Fundão, indo à Brasília quase que diariamente, durante o governo militar, para conseguir verbas”, contou Eliete, que acredita ser a infra-estrutura da EEFD a melhor do país.

Antes da missa, Sebastião Amoedo exibiu a entrevista que fez com Maria Lenk, em 2006, para o programa Sede de Saber, da TV Alerj, em parceria com o Conselho de Minerva da UFRJ. Durante a entrevista, Lenk contou que começou a nadar no rio Tietê quando criança, incentivada por seu pai, para curar doenças infantis, como a pneumonia.

Entre as curiosidades que presenciou nas Olimpíadas de Berlim, em 1936, Maria Lenk desmistificou Jesse Owens, conhecido por vencer a prova de salto em distância, desestabilizando a teoria nazista de superioridade ariana. Lenk revelou que a comissão técnica alemã, contrária a Hitler, ensinou truques a Jesse Owens.

A missa, celebrada na capela do FCC pelo Arcebispo Auxiliar do Rio de Janeiro, Edson Homem, foi concelebrada pelo Monsenhor Sérgio Couto, que é sobrinho de Maria Lenk. Na cerimônia, estiveram presentes autoridades do esporte brasileiro, como João Havelange, presidente de Honra da Fifa. “Não sei se essa missa é muito ou pouco, mas qualquer coisa que fizermos por Maria Lenk será sempre pouco pelo muito que ela fez. Sem dúvida, Maria foi um exemplo e se a juventude se espelhar nela dará ao Brasil momentos de grande alegria como ela sempre deu”, disse Havelange ao site da UFRJ.