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IV Semana de Eletrônica e Computação

Na última quarta-feira, dia 28, teve início a IV Semana de Eletrônica e Computação no Centro de Tecnologia (CT/UFRJ), localizado no campus da Ilha do Fundão. Com o tema “O papel da tecnologia no desenvolvimento sustentável”, a semana ofereceu palestras, visitas técnicas, workshops e stands para exposição de empresas relacionadas à Engenharia Eletrônica e de Computação.

A palestra de abertura ocorreu no auditório do CT, e contou com a presença de Adriana Schulz, aluna e vice-coordenadora geral do evento; Camila Gussen, também aluna e coordenadora geral da semana; professor Ericksson Rocha, diretor da Escola Politécnica (Poli); professor Walter Suemitsu, decano do CT; e professor João Paulo Brafman, chefe do Departamento de Engenharia Eletrônica e de Computação.

Walter Suemitsu destacou que a tecnologia avançada abre mercado para os engenheiros, além de ser fundamental para o desenvolvimento, que supera até mesmo o valor da matéria-prima. “Países como o Japão, que não vêem na matéria-prima seu forte, são capazes de se desenvolver através da tecnologia”, exemplifica.

Para o decano, a universidade não deve ser voltada apenas para a formação técnica, mas também para a formação social. O desenvolvimento sustentável não pode ser tratado apenas do ponto de vista econômico; é preciso pensar nos impactos que o avanço tecnológico pode causar ao meio ambiente, para que este permaneça preservado e disponível às gerações futuras.

A TV digital brasileira tem Ginga
A palestra de Luiz Fernando Gomes Soares, professor do Departamento de Informática da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), foi destaque na quinta-feira, dia 29. Ele expôs as inovações brasileiras no sistema de TV digital e detalhou cada etapa de funcionamento da nova tecnologia. Ele ressalta que, além de oferecer excelente qualidade de som e imagem, a TV digital também possibilita o tráfego de dados — outros vídeos, imagens, textos, etc — e a interação com o telespectador.

Quando navegamos pela internet, buscamos os dados para download em algum servidor da web. Na TV digital, por sua vez, os dados serão recebidos a todo o tempo, na forma do chamado “carrossel de dados”. Tais dados, em seguida, serão convertidos em fluxo, como áudio e vídeo, e acessados pelo telespectador.

O Brasil adotou o padrão Japonês de TV digital e acrescentou tecnologias e inovações nacionais. A camada de software intermediário (“middleware”) presente na tecnologia de TV digital brasileira foi totalmente desenvolvida no Brasil, por pesquisadores da PUC-Rio e da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).

O middleware brasileiro recebe o nome de Ginga, mas não pense que tal nome é uma sigla. O professor exibiu um vídeo — criado para explicar, no exterior, o nome do middleware brasileiro — que incluía o futebol-arte da seleção brasileira junto aos dizeres “Ginga é arte. Ginga é lutar por liberdade. Todo brasileiro tem ginga”. Luiz Fernando brincou: “claro que esse vídeo foi feito antes da Copa do Mundo”.

O middleware é peça fundamental dessa nova TV, pois oferece suporte ao desenvolvimento das aplicações de interatividade (acesso aos dados), que podem ou não ter relações semânticas e/ou temporais com o conteúdo principal exibido.

O professor Luiz Fernando explicou que o governo brasileiro, ao escolher qual seria a tecnologia utilizada no Brasil, se preocupou com a questão da inclusão social, uma vez que a televisão é o meio de comunicação favorito nos lares do país. “95,7% dos 47,56 milhões de domicílios possuem TV no Brasil, enquanto que apenas 21% têm acesso à internet. Se levarmos em consideração as classes D e E, a discrepância é ainda maior: 91,12% possuem televisão, e somente 0,2 % têm internet”, cita Luiz Fernando.

A publicidade é uma das áreas que terão seu campo de atuação ampliado com o advento da TV digital, graças à interatividade e suas diversas aplicações. Isso deve ser, no entanto, tratado com um certo cuidado, uma vez que os telespectadores podem ficar “aborrecidos”, perturbados com o excesso de anúncios publicitários.

Empresas de telecomunicações, principalmente de telefonia móvel, também poderão lucrar ainda mais com a TV digital, pois esta irá permitir o uso de múltiplos dispositivos. O celular é um deles, e poderá ser utilizado como controle remoto, ou como um modo de visualizar a propaganda interativa, por exemplo, sem interferência na exibição do conteúdo principal da TV.

A transmissão digital começará a ser implementada no final deste ano, apenas no estado de São Paulo, devendo chegar ao Rio de Janeiro e alguns outros poucos estados por volta de 2009.