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Memória

Carlos Lessa ministrou aula inaugural no Instituto de Economia

 Foto: Juliano Pires
 

 Carlos Lessa, Marcelo Paixão e
 João Sabóia dão boas vindas
  aos calouros de Economia.

A aula inaugural do primeiro semestre de 2007 do Instituto de Economia (IE) foi ministrada por Carlos Lessa, ex-professor titular do IE e ex-reitor da UFRJ. Lessa falou sobre "Os Desafios ao Desenvolvimento Econômico do Brasil" e deu conselhos aos novos estudantes de Economia. Além do professor, compuseram a mesa central o Diretor Geral do IE, João Sabóia, e o Diretor Adjunto de Graduação, Marcelo Paixão.

Carlos Lessa iniciou a aula explicando a origem da palavra economia, que vem de economos, expressão grega que significa administração do lar. “Lar como o espaço onde acontece a produção”, revelou o professor. Lessa falou também que a economia não é a Ciência do mercado, como muitos imaginam, mas sim, a ciência da escassez. Segundo ele, sempre e em qualquer lugar haverá escassez. “Quando se começou a pensar em como regulá-la, passou-se a pensar em um lugar onde as pessoas estabeleceriam trocas. Esse local é o mercado”, explicou Carlos Lessa.

Lessa comentou que, quando adolescente, foi às ruas gritar pelo petróleo: “meu ciclo de vida permitiu que eu visse cumprir um diagnóstico inviável, até então, o do petróleo”, disse. “Muitos acreditavam que o Brasil não tinha petróleo, eu vi as descobertas, vi a criação da Petrobrás”, lembrou o professor, dizendo que na época, década de 1950, por mais problemática a situação do Brasil, sua geração era convicta de que o país tinha futuro. “A civilização me parecia uma coisa próxima, mas eu vi destruírem essa convicção. A Petrobrás hoje é formalmente um tesouro nacional, mas foi desnacionalizada de forma cruel”, disse Lessa que acredita que, ao contrário da juventude brasileira de seu tempo, a de hoje foi privada de esperança.

 Foto: Juliano Pires
 

 Carlos Lessa: "desemprego juvenil,
 analfabetismo digital e a falta de
 consciência política do povo são
 desafios para o desenvolvimento
 econômico do Brasil.

O desemprego juvenil a níveis altíssimos – 43% dos jovens entre 18 e 24 anos estão desempregados – o analfabetismo digital, o desequilibro entre educação e emprego são desafios para o desenvolvimento econômico citados por Carlos Lessa. “Qualificar sem gerar emprego é produzir mão de obra para o exterior”, criticou.

Os meios para a solução desses desafios já existem, para o professor, basta administrá-los. “O Brasil tem tudo para ser feliz: 18.500.000 Km² sem desertos, sem geleiras; Amazônia azul, extensa área de águas continentais; 80% da população urbana” enumerou Lessa. Além disso, para ele o povo brasileiro tem a admirável capacidade de sobreviver. “É um povo criativo, mas não é politizado, porque não tem memória de piso de fábrica”, ressaltou.

Lessa aproveitou a aula para dar conselhos aos calouros do IE. “Antes de tudo, desenvolvam sua competência analítica e espírito crítico”, começou o professor. “Aproveitem o tempo da universidade como um tempo de descobertas e não de construção de carreira; façam festas e rompam regras contra o consumo alcoólico”, brincou com os estudantes, criticando a falta de união entre as turmas, atualmente. O último conselho foi a leitura, “Só tem uma maneira de desenvolver a boa articulação: lendo”.