O Forum de Ciência e Cultura (FCC) participa, pela primeira vez, da programação da Semana de Calouros, realizando a visita guiada ao Palácio Universitário, que abrange o Forum, as Escolas de Comunicação e de Educação e as faculdades de Economia e de Administração. Estudantes de todas as unidades do campus da Praia Vermelha e da Escola Politécnica conheceram as dependências e a história de uma edificação de importância histórica, política e arquitetônica; além da implantação do FCC dentro da UFRJ.
Antes da visita, guiada pelo setor de Difusão Cultural (DC) do Forum, os calouros assistiram a uma gravação de boas-vindas deixada pelo coordenador do FCC, Carlos Tannus, que não pôde estar presente à semana. “O Forum de Ciência e Cultura tem a responsabilidade de difundir para a sociedade o que a universidade produz de melhor nos campos da arte, da cultura e da ciência”, adiantou Tannus. A partir disso, os calouros aprenderam a história do palácio, cuja construção começou a ser pensada em 1830 e encomendada, em 1841, por Dom Pedro II.
“O objetivo de construir o palácio de frente para o golfo, hoje, Enseada de Botafogo, era mostrar aos estrangeiros que chegavam ao Brasil, o processo civilizatório. Além disso, suas instalações serviriam para acomodar os pacientes da Santa Casa de Misericórdia que viviam em condições sub-humanas, enjaulados no subterrâneo da casa” – contou Rosângela Silva da DC, acrescentando que o palácio entrou para a história como o primeiro hospício da América Latina.
José Clemente Pereira, um dos artífices da maioridade de D. Pedro II, foi quem concretizou esse projeto, provendo verbas para a construção que não teve o suporte público. Todo dinheiro para a obra foi adquirido através de donativos.
Construído a partir dos padrões de vigilância e isolamento dos hospícios franceses, o Palácio Universitário teve sua Arquitetura como fator crucial para seu tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, em 1972. O frontão do palácio, com 200 metros de largura, é o exemplo maior do neoclassicismo no Rio de Janeiro. Na parte superior do palácio, encontram-se vasos de mármore, assim como no Palácio de Versalhes. Na lateral direita do portal, encontra-se a estátua da Caridade, que remete a piedade com os doentes, enquanto que, na esquerda, a estátua da Ciência representa a Medicina. No centro superior do frontão, onde hoje pode ser vista a Minerva, símbolo da UFRJ na época do Império, viam-se as armas imperiais.
Auditório Pedro Calmon
Pedro Calmon, reitor da UFRJ por 18 anos, foi o responsável pela integração do Palácio da Praia Vermelha ao patrimônio da universidade, por sua restauração, pelo mobiliário de época e pelas obras de arte que fazem parte do acervo. Segundo Maria Dias, superintendente da Difusão Cultural do FCC, “na época em que a Faculdade de Medicina foi demolida, a proposta era demolir também o palácio. Graças a Calmon a edificação se manteve. Em homenagem a ele, o maior auditório do campus da Praia Vermelha leva seu nome”.
Teatro de Arena
Aquele que, na época em que o palácio era um hospício, servia de guarita para vigiar os doentes, também foi um marco da música popular brasileira. O primeiro passo para o sucesso da Bossa Nova foi dado no Teatro de Arena, durante o lançamento do disco de João Gilberto, em 1959, onde estiveram presentes Tom Jobim, Vinícius de Moraes e Nara Leão.
Salão Dourado
O Salão Dourado se chamava Salão Fundador quando o palácio ainda era um hospício, e era o local onde se realizavam os eventos comemorativos. Hoje podem ser vistas uma escultura rara de mármore de Dom Pedro II ainda não tinha barba, e uma de José Clemente de mesmo material e artista. A posição das esculturas, uma de frente para a outra, não é por acaso. Com a morte de José Clemente, o imperador ordenou que fizessem uma escultura de José Clemente e colocassem diante da dele.
Salão Vermelho e Capela de São Pedro de Alcântara
O Salão Vermelho tem esse nome devido a suas peças estofadas na cor vermelha. Em frente a ele, encontra-se a Capela de São Pedro de Alcântara que, mesmo reformada, preserva alguns recortes da pintura original.
Forum
A última parada dos calouros foi o Salão Moniz de Aragão, reitor da UFRJ entre 1966 1969. No salão, eles assistiram a um vídeo institucional do Forum, sediado na Praia Vermelha desde sua origem, no início da década de 1970. Para Maria Dias, “nós só gostamos daquilo que conhecemos. Por isso, é importante que os alunos conheçam a história do FCC e do palácio. A idéia do Forum é promover mais visitas ao palácio”.