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UFRJ discute mudanças climáticas

Com o objetivo de avaliar os desdobramentos sócio-econômicos das mudanças climáticas que estão ocorrendo e de contribuir com os governos no sentido de se estabelecer políticas nacionais direcionadas ao quadro atual, aconteceu, no dia 6 de março, o seminário “Contribuição Humana à Mudança do Clima da Terra: aspectos físicos e repercussões sócio-econômicas”, no auditório da COPPE (Coordenação dos Programas de Pós-graduação de Engenharia) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

No evento, promovido pelo Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas e pela Sociedade Brasileira de Metereologia, participantes envolvidos cientificamente com o assunto analisaram e discutiram os resultados recentes sobre a contribuição humana nas mudanças do clima da Terra. Para isso, eles basearam-se no IV Relatório do Painel Intergovernamental em Mudança no Clima (IPCC), divulgado recentemente pelo órgão da ONU, na reunião realizada em Paris.

O Relatório do IPCC, documento publicado em média a cada cinco anos, pode ser definido como um livro que resume a literatura científica relacionada à mudança climática, com comentários do governo – apesar de a produção científica ser independente. Ou seja, trata-se de um painel intergovernamental, cujo objetivo é servir de base para que governos possam formular políticas correspondentes à questão de mudança climática. “O Relatório do IPCC não é um documento de política, e sim, um documento científico, que cria um pano de fundo sobre o qual podemos trabalhar”, declara José Miguez, coordenador geral de Mudanças Globais do Clima, do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).

Coordenado por Luiz Pinguelli Rosa, professor da COPPE e secretário executivo do Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas, e por Maria Alvarez Justi, presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia, além de José Miguez, do MCT, o seminário também contou com a presença dos professores da Universidade de São Paulo (USP) Pedro Dias e Paulo Artaxo. Artaxo, que participou da reunião de Paris, colocou as questões físicas das mudanças climáticas. Entre outros problemas, ele apontou, como conseqüência do aumento de temperatura do planeta – causado, principalmente pela ação do homem -, o aumento do nível dos oceanos, do vapor d’água e das secas, e a diminuição das geleiras e da neve na região norte do globo, enfatizando os impactos que estas transformações podem causar, por exemplo, na agricultura.

Pedro Dias falou a respeito da importância do IV Relatório em comparação aos anteriores, ressaltando o maior detalhamento sobre os estudos regionais, a preocupação em analisar o passado como chave para se entender o futuro – através do capítulo inédito sobre Paleoclima – e o maior grau de confiabilidade dos resultados, equivalente a 95%.

As exposições visuais sobre a situação atual e posterior do clima no planeta e as análises de estudos do Relatório do IPCC, mostraram a importância de se avaliar a questão e de se continuar com a produção deste tipo de documento, uma vez que ele orienta, não apenas governo como também a população, para a necessidade de se adotar diferentes posturas. “Desde o início da divulgação dos primeiros resultados do IPCC, criado há quase seis décadas, vem aumentando o envolvimento de todos em relação aos desdobramentos decorrentes do aumento dos gases do Efeito Estufa, colocados na atmosfera pelas atividades humanas, em ordem cada vez maior”, declara Maria Justi.