Protótipo desenvolvido pela UFRJ permite que qualquer pessoa faça a análise da qualidade da água das praias

 

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Protótipo desenvolvido pela UFRJ permite que qualquer pessoa faça a análise da qualidade da água das praias

 

Sabe quando você está planejando ir à praia e, de repente, ouve a notícia de que a qualidade da água não está lá essas coisas e que talvez seja melhor evitar o banho de mar? Pois é, esse dado é resultado de uma análise laboratorial da água das praias, um teste que chega a demorar quase uma semana para ficar pronto. Ou seja, a água do mar realmente não estava boa, só que isso era há pelo menos três dias. As marés, a balneabilidade, e a própria química e biologia marinhas já cuidaram do problema e provavelmente o resultado seria outro quando você recebeu a informação.

É para evitar problemas como esse que uma equipe de pesquisadores da UFRJ está estudando um novo método de análise da água, que pode ser utilizado por qualquer pessoa e fornece o resultado em alguns minutos. A análise atual é realizada através do chamado “padrão ouro”. Nesse método, amostras da água são colocadas em uma estufa até que as bactérias ali existentes de desenvolvam. Depois da primeira incubação, um químico faz a contagem das bactérias e as analisa.

 Segundo o gerente do projeto, professor Marco Antônio Lemos Miguel, do Instituto de Microbiologia Professor Paulo de Góes (IMPPG) da UFRJ, existem alguns métodos alternativos, que também são aprovados para uso comercial. Eles utilizam sistemas diferentes, como a detecção de determinada enzima produzida por uma bactéria específica, e meios de cultura em substâncias cromogênicas. “Em geral são mais rápidos, mas ainda demandam tempo para que as reações químicas ocorram. Além disso, o custo-benefício do ‘padrão ouro’ ainda é melhor, e por isso ele continua sendo o mais utilizado”, destaca o pesquisador.

Uma parceria entre o Laboratório de Instrumentação e Fotônica (LIF) da COPPE, coordenado pelo professor Marcelo Werneck, e o Laboratório de Microbiologia de alimentos do IMPPG, gerenciado pelo professor Marco Miguel, permitiu o desenvolvimento de um novo método, tão eficaz quanto o “padrão ouro”, só que muito mais rápido e prático: o bacteriosensor.

O sistema funciona com uma fibra óptica, recoberta por anticorpos (vendidos em escala comercial), aderidos quimicamente ao filete. Esse conjunto é ligado a um sistema eletrônico, que emite luz através da fibra. O contato entre as bactérias e os anticorpos da fibra óptica interfere no volume de luz que passa normalmente por ela. E é justamente isso que permite a medição da quantidade de bactérias que existem na amostra.

A grande vantagem desse em relação aos outros métodos é a velocidade da análise. Com o bacteriosensor, o resultado será fornecido assim que a bactéria entrar em contato com o anticorpo, o que acontece ao acaso e, geralmente, leva alguns minutos. Além disso, o sistema não exige treinamento técnico específico para a realização da análise, o que permite que qualquer pessoa a faça. Essas características viabilizam a comercialização do teste. “A intenção é produzir kits, que, assim como os testes de dosagem de cloro, possam ser utilizados por pessoas comuns em qualquer lugar”, comenta o professor Marco Miguel.

Os pesquisadores estão analisando a fibra óptica para verificar como ela se comporta em águas com diferentes características; eles testam também se a tecnologia poderá ser reaproveitada nos kits, a partir de uma limpeza adequada, ou se há a necessidade de substituição do filete. O projeto do bacteriosensor já está em fase avançada e é provável que, em um ou dois anos, o protótipo esteja no mercado.