Maestro, que ajudou a implementar uma orquestra e um coral na UFRJ, hoje luta pelo reconhecimento da música erudita junto aos órgão governamentais e à sociedade civil.

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Memória

Florentino Dias: uma trajetória de erudição

Maestro, que ajudou a implementar uma orquestra e um coral na UFRJ, hoje luta pelo reconhecimento da música erudita junto aos órgão governamentais e à sociedade civil.

Com seis anos de idade, o alagoano Florentino Dias começou a estudar música. Aos nove, mudou-se com a família para o Rio de Janeiro, onde pôde, tempos depois, concretizar o sonho de infância: tornar-se maestro de orquestras. A trajetória do musicista inclui o curso de graduação em Música na UFRJ, o mestrado em Regência de Orquestra nos Estados Unidos e a carreira de docente universitário.

 Florentino é um dos mais laureados regentes do país na atualidade. Membro da Academia Internacional de Música e da American Symphony Orchestra League, o maestro, primeiro regente brasileiro a ser homenageado com uma “Batuta de Ouro” – prêmio reservado àqueles que contribuíram para a preservação dos ritmos nacionais – teve um papel fundamental também na difusão da música erudita dentro da UFRJ. Isso porque Florentino participou, durante seu período como professor da Escola de Música (EM), da criação de uma Orquestra Sinfônica (1969) e de um coral (1970) da universidade.

– De início, o coral não oferecia créditos curriculares aos estudantes. Isso fazia com que os alunos não se interessassem em participar. Nos EUA, por exemplo, os coros sempre foram muito concorridos porque ofereciam créditos. Lutei então junto à reitoria da época para oficializar o projeto como atividade acadêmica e, depois de três anos, o coral se tornou uma disciplina – conta o maestro, lembrando ainda que renomados musicistas passaram pelo coral da UFRJ, entre eles, Eliane Coelho, importante soprano brasileira que reside em Viena, na Áustria.

O fim da Orquestra da UFRJ, em 1977, motivou o regente a se aventurar em um outro projeto: a criação da Orquestra Filarmônica do Rio de Janeiro. Desde 1978, Florentino Dias dirige a entidade sem fins lucrativos e de utilidade pública, que é, atualmente, composta por um conjunto de 75 músicos.

 O ex-professor universitário pretende equiparar a qualidade musical da Filarmônica do Rio a das grandes orquestras internacionais, como a de Berlim e a de Nova Iorque. De acordo com o maestro, as vantagens da iniciativa são inúmeras: “Esse projeto ajuda a resgatar a imagem do estado como a capital da cultura. Além disso, nós geramos empregos aqui e temos como meta levar a música erudita a municípios e estados carentes de orquestras”, afirma.

Florentino, no entanto, conta que a Prefeitura suspendeu as verbas para a Filarmônica e elege a falta de apoio financeiro por parte do governo e da sociedade civil como o principal entrave à formação de orquestras no Brasil. “Não é difícil montar uma orquestra, seja ela universitária ou não, mas são necessários recursos para isso. Nenhum conjunto é bom se não ensaia todos os dias e se não oferece salário aos músicos”, enfatiza.

Mesmo com todos os infortúnios, o regente exibe, orgulhoso, os prêmios adquiridos ao longo de sua carreira, afirmando que um de seus objetivos futuros é coloca-los à exposição dentro da UFRJ.