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“Procuram-se ratos de biblioteca. Paga-se bem”

 Tendo como mote essa sugestiva convocação publicitária, a Academia Brasileira de Letras (ABL) está lançando o “Prêmio Afrânio Coutinho 2006/2007”, de pesquisa literária, em comemoração ao 1º aniversário de fundação de sua Biblioteca Rodolfo Garcia.

Podem concorrer ao Prêmio – que conta com o patrocínio da Petrobras e cujas inscrições se abrem neste dia 18 de dezembro – alunos universitários, graduados ou pós-graduados, jornalistas, professores da área de ciências humanas, pesquisadores e usuários que tenham sido previamente inscritos na Biblioteca Rodolfo Garcia, e que não tenham vínculo com a  ABL.

O tema do Prêmio é “Diálogos com a Coleção Franklin de Oliveira”,  e sua linha de pesquisa  “O estado da cultura no Brasil no período de 1945 a 1965, retratado na Coleção Franklin de Oliveira”. A coleção do doador, oferecida pela família à Biblioteca Rodolfo Garcia em setembro de 2000, é formada por obras que pertenceram à biblioteca pessoal daquele jornalista e crítico literário, de destacada atuação intelectual e política, falecido em 2000.

Como concorrer
Os concorrentes deverão realizar suas pesquisas na Biblioteca Rodolfo Garcia –dirigida pelo acadêmico, jornalista e escritor Murilo Melo Filho – utilizando o acervo da Coleção Franklin de Oliveira, constituída de 6.481 volumes, nas áreas de sociologia, filosofia, antropologia, lingüística, lexicografia e literatura, colocadas à disposição dos candidatos, que poderão também usar outras obras como complemento do trabalho.

O texto deverá ser inédito, isto é, não publicado em livros, jornais, revistas ou outros meios de comunicação, digitado no espaço 1,5 – Arial ou Times New Roman – fonte 12, margens de 2,5 cm, em papel A4 e encaminhado em duas cópias impressas e uma eletrônica (disquete ou CD) à Biblioteca Rodolfo Garcia.

Inscrições e julgamento
 As inscrições estarão abertas a partir do próximo dia 18 de dezembro e podem ser feitas na própria Biblioteca Rodolfo Garcia ou pelo site da ABL (
www.academia.org.br).

Os trabalhos deverão ser entregues ou endereçados, até o dia 1º de julho de 2007, ao Prêmio Afrânio Coutinho – Biblioteca Rodolfo Garcia (Av. Presidente Wilson, 231 – 2° andar – Castelo – Rio de Janeiro – CEP 22030-021). A avaliação será baseada nos critérios da pertinência ao tema, originalidade, criatividade e tratamento da linguagem.

A Comissão Julgadora será constituída pelos membros da Comissão Consultiva da Biblioteca: Acadêmicos Eduardo Portella, Tarcísio Padilha, Alberto da Costa e Silva e Evanildo Bechara e sua decisão será irrevogável.
A Academia não devolverá os trabalhos apresentados.

Entrega dos prêmios
Serão premiados os três melhores trabalhos: o primeiro colocado receberá R$ 8.000,00, o segundo R$ 5.000,00 e o terceiro R$ 3.000,00. Os três textos premiados receberão diplomas e serão também publicados na “Revista Brasileira”, da ABL.

O resultado do Prêmio será divulgado pela imprensa, pelo Boletim e pelo Portal da ABL (www.academia.org.br). A entrega dos prêmios será realizada no dia 20 de julho de 2007, durante as comemorações do 110° aniversário de fundação da Academia Brasileira de Letras.

Organização e informações
A organização do Prêmio “Afrânio Coutinho” está a cargo da Biblioteca Rodolfo Garcia, aberta de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas.
Maiores informações poderão ser obtidas no site da ABL (
www.academia.org.br) ou pelo tel.: (21) 3974-2551.

Quem foi Afrânio Coutinho

Afrânio Coutinho, professor, crítico literário e ensaísta, nasceu em Salvador, BA, em 15 de março de 1911 e faleceu em 5 de agosto de 2000 no Rio de Janeiro.

Diplomou-se em Medicina, em 1931, mas não seguiu carreira médica, dedicando-se ao ensino de Literatura e História no curso secundário. Foi bibliotecário da Faculdade de Medicina e professor da Faculdade de Filosofia da Bahia.

Em 1942, foi para os Estados Unidos, convidado para exercer o cargo de redator-secretário da revista Seleção do Reader’s Digest, em Nova York, onde permaneceu no posto por cinco anos. Durante esse período freqüentou cursos na Universidade de Columbia e em outras universidades norte-americanas, aperfeiçoando-se em crítica e história literária.

Em 1947, regressou ao Brasil fixando-se no Rio de Janeiro. Foi nomeado catedrático interino do Colégio Pedro II, na cadeira de Literatura. Efetivou-se na cadeira por concurso, em 1951, com tese sobre o Barroco e no mesmo ano fundou, na Faculdade de Filosofia do Instituto Lafayette, a cadeira de Teoria e Técnica Literária, primeira iniciativa do gênero no Brasil.
Em 1948, inaugurou, no Suplemento Literário do Diário de Notícias, a seção “Correntes cruzadas”, que manteve até 1961, debatendo problemas de Crítica e Teoria Literária. Colaborou ativamente na imprensa e em revistas literárias do país e do estrangeiro. Dirigiu a revista Coletânea (1951 – 1960) e divulgou os critérios de análise estético-literária formulados pelo New Criticism norte-americano.

Em 1952, foi encarregado de planejar e dirigir a publicação A literatura no Brasil com a colaboração de uma equipe de especialistas. Em 1958, fez concurso para livre docente da cadeira de Literatura Brasileira na Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, hoje UFRJ, conquistando o título de doutor em Letras Clássicas e Vernáculas. Em 1963, foi nomeado professor catedrático interino de Literatura Brasileira e em 1965, após concurso, foi nomeado catedrático efetivo.

Em 1968 foi nomeado diretor da Faculdade de Letras da UFRJ, criada, instalada e organizada por ele, onde permaneceu no cargo até 1980, quando se aposentou. Deve-se a ele também, a criação da Biblioteca da Faculdade de Letras, reconhecida como a melhor do gênero no Rio de Janeiro, bem como lhe é devido o alto nível dos cursos de pós-graduação na área de Letras, dos quais foi coordenador.

Nas décadas de 1960 e 1970, fez inúmeras viagens para o exterior como professor visitante em universidades dos Estados Unidos, da Alemanha e da França, com o intuito de ampliar os estudos brasileiros nas universidades visitadas.

Sua biblioteca particular se tornou base para a criação, em 1979, da Oficina Literária Afrânio Coutinho (OLAC), destinada a promover estudos na área da literatura, ministrar cursos e conferências, e receber escritores nacionais e estrangeiros.

Coordenou a elaboração da Enciclopédia de Literatura Brasileira, publicada em 1990. Por sua atividade literária, recebeu a Medalha Anchieta, da Secretaria da educação do Rio de Janeiro (1954); o Prêmio Paula Brito (1956); o Prêmio Nacional do livro (ensaio), por sua obra A tradição afortunada e o Premio Golfinho de Ouro (1980).

Foi membro do Instituto Histórico e Geográfico da Bahia, da Academia Brasileira de Letras, da Sociedade de Estética dos Estados Unidos, da União Brasileira de Editores e da Academia Brasileira de Educação. Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).