Categorias
Memória

Zumbi é celebrado com debate na Praia Vermelha

Aconteceu, no dia 22 de novembro, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, no Campus da Praia Vermelha, o seminário “Zumbi vive – a internalização da consciência social pela educação”. No evento, foram debatidos temas como a inclusão social através de cursos pré-vestibulares comunitários, o imaginário cantado nas rodas de capoeira, a história do samba e a violência social.

João Massena Melo Filho, professor do Instituto de Química (IQ) da UFRJ, falou sobre o Pré-Vestibular Samora Machel, curso comunitário que coordena nas dependências do IQ. O curso é voltado para pessoas de baixa renda residentes no entorno da Ilha do Fundão. O professor afirmou que o curso, através da interdisciplinaridade, dos encontros de confraternização e das visitas de estudo, faz com que os alunos “não odeiem as ciências”.

Jorge Felipe, professor da Universidade Gama Filho (UGF), falou sobre o imaginário cantado nas rodas de capoeira. Fazendo um desdobramento da sua tese de mestrado, contou a história da capoeira, definida por ele como uma mistura de jogo, luta, dança, música, arte e desporto. O professor afirmou que seu interesse pelos seus símbolos e pela sua musicalidade, aliado à limitação teórica da  capoeira, o influenciaram a fundar, na UGF, o único curso superior de capoeira no mundo.

Almir Menezes Silvares, professor da Escola de Educação Física e Desportos (EEFD) da UFRJ, falou sobre a importância da formação crítica no ensino de lutas. Afirmou que nos casos de violência, a responsabilidade não é só de quem bate, mas também de quem ensina.

Moacyr Barreto, professor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) da UFRJ, falou sobre a história do samba: seu nascedouro, sua evolução, seu destino e algumas peculiaridades. O professor defendeu o papel de denúncia nos sambas e o uso do espaço conquistado pelo estilo musical para lutar por um mundo mais justo, onde o homem possa exercer a sua cidadania. Moacyr criticou o caráter comercial dos pagodes paulistas e também o fato desse estilo musical ter mais espaço nas rádios do que o samba de raiz. “Talvez os pagodeiros de hoje, que desfilam com cordões de ouro e carros do ano, viajando para gravar e aparecer na televisão, não saibam, ou pelo menos esqueçam, que muita gente teve que morrer para poder ter o direito de tocar violão e, consequentemente, eles poderem estar tocando”.

Gilberto Oscaranha, professor da EEFD da UFRJ, afirmou ter se sentido humilhado após a organização do PAM 2007  negar o seu pedido de inclusão de uma apresentação de capoeira no evento. O professor elogiou Aloísio Teixeira, reitor da UFRJ que, segundo Gilberto, acreditou no trabalho das minorias. “Nós temos que estar unidos não só pela cultura da capoeira, mas também pela cultura popular e pelas minorias raciais”, concluiu Gilberto.

O evento terminou com uma apresentação de capoeira do Acervo Cultural de Capoeira Artur Emídio de Oliveira da EEFD da UFRJ no Teatro de Arena Carvalho Netto, no prédio da Economia.